Sábado, Dezembro 21, 2024
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Raridades geológicas expostas em S. Miguel

Um ninho de dinossauros da República Popular da China, soterrado há milhões de anos por cinzas do vulcão do deserto de Gobi, e uma parte de um meteorito da Argentina com cerca de 4.600 milhões de anos são dois dos exemplares raros e únicos que compõem o espólio do Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores (OVGA).
 
Localizado na vila da Lagoa, em S. Miguel, o OVGA dispõe de uma vasta colecção de peças mineralógicas ligadas a fenómenos vulcânicos. Cobre, quartzo, ouro, enxofre, diamantes, arsénio, prata, entre outros, são alguns dos minerais que se podem encontrar no Pavilhão Tenente-Coronel José Agostinho, sendo que alguns apresentam formas geométricas tão perfeitas que parecem trabalhadas pelo Homem. No entanto, salienta Victor Hugo Forjaz, responsável pelo OVGA, foram criados pela natureza. Neste pavilhão há ainda diversos painéis preenchidos por fotografias e esquemas representativos da história geológica do Atlântico, nomeadamente da Região Açores, e uma colecção de quadros alusivos a algumas das principais erupções vulcânicas que ocorreram, ao longo dos séculos, nas ilhas dos Açores. Uma das telas ilustra, por exemplo, a erupção stromboliana do Pico do Sapateiro, na Ribeira Seca, S. Miguel, em 1563. Destaque ainda para o túnel simulador de acesso ao interior de um vulcão, cujos sons são idênticos aos da lava em ebulição, e para um globo com mapas cedidos pela NASA.
 
O OVGA é composto, igualmente, por um segundo bloco, denominado Pavilhão Professor Doutor Frederico Machado. Neste espaço, onde se situa fisicamente o LIGA – Laboratório Internacional Geodinâmico do Atlântico -, podem encontrar-se diversos instrumentos, como um medidor de marés terrestres (protótipo chinês único no País), um inclinómetro, um acelerógrafo, uma rede sismográfica digital, uma rede tiltimétrica, entre outros. Divulgar e fomentar o conhecimento das ciências vulcanológicas e geológicas são os principais objectivos do OVGA. “Temos uma função educativa e cultural”, explica, acrescentando que o observatório pretende incutir, na sociedade açoriana, o hábito da cultura científica. O OVGA está, por isso, aberto a todo o público, tendo recebido já inúmeras visitas de escolas, incluindo do Continente e do estrangeiro, e de cientistas e investigadores da Região e do exterior. A nível local, salienta, “a intenção é a de habituar a população a conviver com os vulcões e os sismos, eventos que fazem parte do nosso dia-a-dia”.
 
17-11-2006 (Expresso das Nove)

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