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FENPROF denuncia à UNESCO actuação do Governo português que atenta contra a Escola Inclusiva

 

Conforme anunciara, a FENPROF dirigiu (18/06/2008) denúncia ao Senhor Director-Geral da UNESCO, Monsieur Koïchiro Matsuura, pelo facto de o Governo Português colocar em causa princípios fundamentais da Escola Inclusiva ao utilizar a CIF – OMS, 2001 (Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde) como instrumento para a elegibilidade de alunos com necessidades educativas especiais que terão direito ao apoio especializado da educação especial.

No texto enviado pode ler-se que, sendo Portugal um país que aprovou, em 1991, legislação de grande importância, que permitiu dar passos positivos no sentido da construção de uma escola verdadeiramente inclusiva, não surpreendeu que o Estado Português tenha subscrito, em 1994, a Declaração de Salamanca, entre outros compromissos e convenções internacionais sobre esta importante problemática.

Só que, acrescenta o texto, o actual Governo, sem atender às preocupações de entidades com reflexão e intervenção nesta área, veio revogar o Decreto-Lei n.º 319/91, de 23 de Agosto, substituindo-o pelo Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de Janeiro, alterado pela Lei n.º 21/2008, de 12 de Maio, criando uma situação que contraria os princípios do compromisso que assumiu ao impor uma:

1. Definição restritiva de necessidades educativas especiais;

2. Organização e Funcionamento das Escolas / Agrupamentos que obrigará as crianças a serem deslocadas das suas comunidades para as designadas escolas de referência (por tipologia de deficiência) que o Ministério da Educação definirá em despacho;

3. Avaliação Pedagógica dos alunos com necessidades educativas especiais
    por referência a uma classificação clínica ” CIF ” OMS, 2001.

Por fim, a FENPROF informou o Director-Geral da UNESCO de que o Ministério da Educação e o Governo Português afirmam estar em curso um forte investimento na aplicação das novas medidas legislativas, embora não explicite que o investimento será estabelecido com cortes orçamentais aplicados no próprio sistema, que o deterioram, ao criar escolas de referência por tipologia de deficiência e concentrando aí os alunos deficientes.

A FENPROF não deixa de lamentar que, os responsáveis do Ministério da Educação Português, apenas profiram palavras de grande intolerância face às posições públicas assumidas pela Federação Nacional dos Professores. A título de exemplo, a FENPROF deu conhecimento de, no dia em que promoveu uma Conferência de Imprensa com o objectivo de denunciar as consequências gravosas das medidas legislativas, o Senhor Secretário de Estado da Educação apenas se limitar a acusá-la de mentir “compulsivamente” e de a denúncia à UNESCO pretender, apenas, denegrir internacionalmente a imagem do Estado Português.

“Prova de ingresso” na carreira docente: Governo quer ocultar o desemprego de milhares de professores

 

 

A FENPROF denuncia que a sujeição de milhares de docentes a esta “prova de avaliação de conhecimentos e competências” mais não visa do que, através de um procedimento artificial, diminuir o número dos que o ME reconhece como professores, ocultando o altíssimo desemprego que atinge este grupo profissional. Desta forma, com uma “manipulação” dos números do desemprego, reduziria a pressão política e social que este problema provoca.

· Falamos de milhares de jovens que completaram com êxito cursos do ensino superior, a esmagadora maioria em áreas dedicadas precisamente à formação inicial de professores e educadores;

· Candidataram-se e matricularam-se nesses cursos porque são reconhecidos e certificados como cursos de formação para a docência.

· São jovens (e suas famílias) que investiram esforço pessoal e meios na frequência de cursos que os preparavam para serem professores ou educadores.

· Tiveram êxito nas provas exigidas, demonstrando que estavam à altura do oficialmente requerido para o exercício da profissão, o que incluiu, até, a realização de estágio pedagógico.

· São detentores de qualificações profissionais, de acordo com o que é determinado pela própria Lei de Bases do Sistema Educativo.

· Milhares destes docentes já têm até serviço prestado como professores e correm agora o risco de serem apanhados na armadilha que o Ministério da Educação (ME) concebeu.

· Se um dia conseguirem ingressar na carreira, apesar de todas as barreiras que estão criadas, serão sujeitos a um período probatório de duração mínima de um ano escolar que, segundo o próprio ME, “destina-se a verificar a capacidade de adequação do docente ao perfil de desempenho profissional exigível” (Decreto-Lei n.º 15/2007, de 19 de Janeiro).

AS JUSTIFICAÇÕES DO ME

Nas justificações que o ME avança para explicar a imposição da sua “prova de ingresso”, avulta a ideia de que criaria, assim, um dispositivo para “assegurar que o exercício efectivo de funções docentes fica reservado a quem possui todos os requisitos necessários a um desempenho profissional especializado e de grande qualidade” (Decreto Regulamentar n.º 3/2008, de 21 de Janeiro).

O esforço justificativo do ME pressupõe uma desconfiança indisfarçável no trabalho das instituições de ensino superior que fazem formação inicial de professores. Mas, ao invés de pretender actuar a este nível, com a “prova de ingresso” o ME força um novo constrangimento no acesso à profissão para quem já está profissionalmente habilitado para a exercer e, na prática, impõe um novo requisito habilitacional, à revelia da Lei de Bases do Sistema Educativo.

São de prever efeitos negativos que a “prova” acabará por ter na própria formação inicial de professores. A sua existência será, em muitos casos, um factor de condicionamento e afunilamento da formação. Face à reconhecida complexidade do exercício da profissão, são também muito discutíveis os atributos que uma “prova” desta natureza possa ter para seleccionar, como o ME pretende convencer, os melhores professores.

OCULTAÇÃO ESTATÍSTICA

Mesmo tendo em conta as condições de dispensa de realização da “prova de ingresso” que o ME definiu, estimamos que, para poderem concorrer ao ingresso na carreira, algumas dezenas de milhar de professores tenham de se sujeitar aos imponderáveis e condicionantes das duas ou três componentes possíveis da prova. A obtenção de classificação inferior a 14 (numa escala de 20!), em qualquer uma das componentes, está definida, desde logo, como um impedimento ao ingresso na carreira. As provas são realizadas em chamada única, pelo que até um qualquer imprevisto poderá eliminar a legítima pretensão de se ser professor? E, neste quadro, é grotesca, ainda, a intenção do ME em financiar o seu “dispositivo” com pagamentos exigidos aos que, sendo profissionalmente qualificados, podem vir a ser afastados da profissão.

A FENPROF denuncia, uma vez mais, que a sujeição de milhares de docentes a esta “prova de avaliação de conhecimentos e competências” mais não visa do que, através de um procedimento artificial, diminuir o número dos que o ME reconhece como professores, ocultando o altíssimo desemprego que atinge este grupo profissional. Desta forma, com uma “manipulação” dos números do desemprego, reduziria a pressão política e social que este problema provoca.

Num país em que o insucesso e o abandono escolares persistem e em que, por exemplo, as baixas qualificações continuam a ser um gravíssimo problema, existem cerca de trinta e cinco mil docentes no desemprego ou que têm de recorrer a outras ocupações em que as suas qualificações profissionais acabam por ser desperdiçadas. É um enorme problema que se arrasta e se agrava com as medidas tomadas pelo actual governo que quer, agora, introduzir um “dispositivo” de ocultação da sua verdadeira dimensão.

INSTABILIDADE E PRECARIEDADE
CARACTERIZAM PROFISSÃO

Esta “prova de ingresso” agiganta-se entre as profundas preocupações que assolam os jovens professores e educadores, pelo seu carácter radicalmente castrador de expectativas de futuro. É, para milhares deles, uma das preocupações maiores, mas nem sequer a única que marca o quadro de insuportável precariedade em que se movem.

Para além do enorme desemprego, ameaça constante para tantos professores e educadores, o actual governo não tem parado de acrescentar factores de instabilidade que negam, por completo, projectos de vida a tantos jovens. É assim que permanece sem resposta a exigência de um horizonte de vinculação para quem vai somando, uns atrás de outros, anos de serviço sem perspectiva de estabilidade. Ao invés, o Governo vai criando formas de contratação cada vez mais precárias, sujeitando a elas, de forma generalizada, os professores e educadores. Assim, têm sido promovidos, para largos milhares de docentes, contratos de prestação de serviços ilegais ? os falsos “recibos verdes”. E o ataque prossegue com os contratos administrativos de serviço docente a dar lugar aos contratos individuais de trabalho? Nas mãos do governo, triunfa a instabilidade e a precariedade.

Muito preocupante é, ainda, o facto de existirem estudos (Universidade de Aveiro) que evidenciam que a situação que hoje o ME considera de excesso de professores se inverterá, num futuro não muito distante, para uma situação de carência de recursos docentes. Com medidas penalizadoras como a da “prova de ingresso”, o Governo mais não faz do que antecipar o cenário, comprometendo o futuro do país. E, no presente, nega também o futuro dos jovens professores e educadores.

FENPROF EXIGE A REVOGAÇÃO DA “PROVA”

A consciência desta situação leva a FENPROF a insistir na necessidade de revogação imediata do Decreto Regulamentar n.º 3/2008, de 21 de Janeiro, bem como na alteração da redacção dos artigos 2º e 22º do Estatuto da Carreira Docente, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 15/2007, de 19 de Janeiro, que lhe deram origem. Esta é também a exigência de milhares de professores e educadores de infância dos quais seis mil subscreveram a “Carta Contra a Prova de Avaliação de Conhecimentos e Competências”, maioritariamente visados pela citada prova. É feita também em uníssono com os mais de cem mil professores e educadores portugueses que, no dia 8 de Março, na Marcha da Indignação, exigiram a renegociação do ECD também com este propósito.

Lisboa, 18 de Junho de 2008
O Secretariado Nacional da FENPROF

Educação Especial na mira economicista do Governo

 

FENPROF CALCULA QUE A APLICAÇÃO DESTA MEDIDA REDUZA, EM CERCA DE 60%, O NÚMERO DE ALUNOS COM DIREITO A APOIO

Que o Ministério da Educação tratava mal a Educação Especial e os alunos que dela necessitam, era postura de todos conhecida, confirmada, no ano ainda em curso, com a colocação de quase duas centenas de docentes sem formação nem experiência na Educação Especial.

Com a publicação de um novo diploma legal para a área da Educação Especial – Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de Janeiro, com a alteração introduzida pela Lei 21/2008, de 12 de Maio – foram introduzidas profundas alterações nesta área educativa, das quais, como oportunamente a FENPROF denunciou, uma das mais graves é a utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (vulgarmente designada por CIF) para decisão sobre a elegibilidade de alunos referenciados com necessidades educativas especiais (NEE) para obterem ou manterem apoios especializados a nível da Educação Especial.
A adopção da CIF para este efeito só pode ter um objectivo: afastar milhares de crianças e jovens das medidas de apoio da Educação Especial e, desta forma, reduzir drasticamente o número de professores no sistema, neste caso, os de Educação Especial.



Utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (vulgo, CIF) será factor de discriminação, pondo em causa a Escola Inclusiva 

A fúria economicista do Governo, porém, vai tão longe que o Decreto-Lei publicado em Janeiro retirou às escolas a possibilidade, prevista no Decreto-Lei n.º 319/91 (entretanto revogado), de reduzirem para 20 o número de alunos das turmas com crianças ou jovens com NEE, não podendo estes serem mais do que dois por turma. Esta alteração do número de alunos por turma, degrada as condições de aprendizagem dos alunos e de trabalho dos docentes. Mas esse não é problema para o Ministério da Educação e para o Governo, pois a sua intenção é completamente alcançada: aumenta o número de alunos por turma, reduz o número global de turmas, logo, podem dispensar-se mais alguns milhares de docentes. Quanto ao decréscimo da qualidade da resposta educativa, para o ME, parece tratar-se, apenas, de um efeito colateral.

APLICAÇÃO DA CIF REDUZ DRASTICAMENTE OS APOIOS E M.E. IMPÕE TAXA DE INCIDÊNCIA ADMINISTRATIVA

As recentes medidas aprovadas pelo ME/Governo em relação a alunos com NEE que integram a rede de Educação Especial, expressas na utilização da CIF, terão consequências muito graves já a partir de Setembro de 2008 (início do ano lectivo 2008/2009), calculando a FENPROF, pelos levantamentos que já começou a efectuar e pelas declarações dos responsáveis do ME, proferidas ontem em Conferência de Imprensa, que poderão atingir cerca de 60% dos alunos que deveriam ser e não serão devidamente apoiados. Convirá acrescentar que, de acordo com entidades idóneas no estudo e acompanhamento desta problemática – designadamente o Fórum de Estudos de Educação Inclusiva e o Centro de Desenvolvimento da Criança, do Centro Hospitalar de Coimbra (CHC) – a taxa de incidência de NEE deverá, na Educação Pré-Escolar e Ensino Básico, situar-se entre os 10 e 11%. Todavia, o ME pretende que, nas escolas, tendo em conta o número de alunos que deverão ser apoiados pela Educação Especial, essa taxa se situe entre os 1.5 e 2.2%, sendo aconselhado às “equipas de monitorização” que esta se fixe nos 1.8%.

Ainda segundo o Centro de Desenvolvimento da Criança do CHC, mesmo que o apoio da Educação Especial dependesse, exclusivamente da CIF e esta merecesse uma aplicação restritiva, mesmo assim, na pior das hipóteses, encontrar-se-ia um valor acima dos 2.5%. Contudo, acrescentam, a taxa de incidência de NEE, logo, de alunos que deverão ser apoiados, situa-se nos 10%.

Há “equipas de monitorização”, que o ME criou para esse efeito, que em algumas zonas já estão a deslocar-se às escolas para verificarem a situação de cada aluno, no sentido de justificarem, ou não, a sua inclusão nas medidas que foram impostas ao sector, validando/invalidando os processos individuais. A intolerável pressão que o ME tem vindo a exercer sobre os agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas daquelas zonas, através destas “equipas”, para que se proceda à reavaliação de todos os alunos com NEE por referência à CIF, afasta da Educação Especial milhares de alunos até aqui abrangidos. Os cortes são tão brutais que muitos docentes, médicos e psicólogos se têm recusado participar neste processo de reavaliação, tendo denunciado os seus efeitos perversos na educação de milhares de crianças e jovens, tomando posições públicas.

A FENPROF lamenta que, para este ME/Governo tudo valha para reduzir investimentos numa área de fundamental importância para o desenvolvimento do País: a Educação. Nem as crianças e os jovens com limitações, problemas e dificuldades específicas escapam ao cego economicismo do Governo.

POSIÇÕES ASSUMIDAS POR ENTIDADES RECONHECIDAMENTE IDÓNEAS REFORÇAM A DA FENPROF

Esta posição da FENPROF é partilhada, como antes se referiu, por quem, no terreno, trabalha com estas crianças e jovens e conhece, de facto, os problemas. De acordo com o documento conjunto da Sociedade Portuguesa de Neuropediatria e o Colégio de Neuropediatria, enviado às Direcções Regionais de Saúde, com conhecimento ao Ministério da Educação, ao Ministério da Saúde e à Ordem dos Médicos:

O apoio educativo deve ser fundamentado essencialmente em NECESSIDADES EDUCATIVAS particulares e não em necessidades de saúde, daí a inadequação da CIF (um instrumento criado para fornecer uma linguagem interdisciplinar e para classificar os indivíduos com necessidades especiais, de acordo com a suas funções) como critério de elegibilidade de serviços de educação especial. Os apoios devem dirigir-se a necessidades individuais específicas de cada criança e não a “rótulos” ou “classificações”.

Por outro lado, a fundamentação e a decisão relativa ao apoio, é da responsabilidade da educação, devendo a informação médica ser complementar e reforçar a informação educativa, no processo de avaliação.”

O mesmo documento conjunto, depois de referir que “Esta [CIF] é uma classificação que não provou ter qualquer utilidade e tem vindo a ser posta em causa em vários países“, a título de exemplo, compara planos e acrescenta que “As decisões médicas de fazer uma TAC, um cariótipo ou um EEG, não dependem dos relatórios educativos, o que não significa que a informação dos professores não seja frequentemente útil e desejável para complementar a nossa observação e a informação dos pais. Mas a decisão final relativamente à saúde e aos procedimentos que a ela dizem respeito, é dos médicos.”

Termina-se afirmando que “Estão a ser recebidas por nós “cheklists” relativas à CIF. O preenchimento desta “cheklists” é da responsabilidade dos professores e não pode ser passada por quem não utiliza nem vê utilidade prática na forma como esta classificação é usada.”

Neste sentido vai também a opinião do Dr. José Boavida, reputado médico da equipa do CHC (Centro de Desenvolvimento da Criança) que, em documento que fez chegar à FENPROF considera que:

Independentemente de a CIF ser uma classificação com virtualidades, bem-intencionada, desenvolvida numa perspectiva ecológica e que categoriza os indivíduos com base na sua funcionalidade, não foi criada com o objectivo primário de definir critérios de elegibilidade para fins educativos. A sua adaptação a este fim implicaria, em nosso entender um trabalho prévio, desenvolvido por um grupo de trabalho intersectorial, no sentido de identificar um número reduzido (20 a 25) de códigos-chave correctamente seleccionados, das funções e estruturas do corpo, actividades, participação e factores ambientais, relevantes para efeitos de educação especial.

Relativamente às informações de saúde da criança, apenas pensamos ser importante referir para os serviços de educação, aquelas que tenham relevância para o desenvolvimento do plano educativo. Ora as longas checklists que recebemos diariamente para preenchimento, incluem na sua maioria itens que, ou não conseguimos avaliar adequadamente, ou são totalmente irrelevantes para fins educativos.

 

Nesse sentido, não vemos qualquer utilidade prática para as crianças e jovens, na elaboração dos relatórios com base na CIF ou no preenchimento de checklists, relativamente às quais não vemos qualquer utilidade.

 

Reiteramos a posição de que não pode ser atribuída aos médicos, a responsabilidade pelo não apoio de qualquer criança.”

Também o documento enviado aos Directores de Turma e aos Professores, pelo Centro de Desenvolvimento da Criança Luís Borges, do Hospital Pediátrico de Coimbra, integrado no Centro Hospital de Coimbra é claro:

“…compete-nos informar que continuaremos a colaborar na orientação para atribuição de apoio do ensino especial às crianças seguidas no nosso serviço que dele necessitam como sempre o fizemos: o envio de informação clínica relativamente aos problemas de saúde, através de relatório médico a que se associará, quando pertinente, informação do psicólogo e/ou terapeuta que acompanhe a criança no CDC.

Quanto ao equívoco gerado pela interpretação do DL 3 de 2008 de que competiria possivelmente aos médicos assistentes o preenchimento do questionário CIF, compete-nos lembrar que as escolas/agrupamentos escolares devem, no espírito da lei, ser dotados de equipas psico-pedagógicas que façam a completa avaliação das necessidades educativas dos alunos, fazendo uso da CIF, de modo a propor aos respectivos conselhos pedagógicos a atribuição de apoio do ensino especial em cada caso.

Temos receio de que pela confusão assim instalada e à qual somos alheios, muitas crianças com reais necessidades educativas especiais, possam ficar sem o apoio adequado.”

CORTES JÁ CONHECIDOS CONFIRMAM PREOCUPAÇÕES E DENÚNCIA DA FENPROF

Entretanto, no Centro e no Sul do país, as direcções regionais de educação já iniciaram o trabalho no terreno com a deslocação das “equipas de monitorização” às escolas. Os poucos resultados já conhecidos, de alguma forma ilustram o que antes se afirmou sobre a dimensão dos cortes pela utilização da CIF. Vejamos alguns exemplos:

 

 

AGRUPAMENTO

Alunos abrangidos em 2007/2008

(DL 319/91)

Alunos previstos para 2008/2009

(DL 3/2008)

% de Redução

Vila de Bispo

43

15

65%

Júdice Fialho (Portimão)

52

12

77%

D. Martim Fernandes (Albufeira)

48

20

58%

João Rosa (Olhão)

70

30

57%

Neves Júnior (Faro)

67

21

68%

Salir (Loulé)

69

18

74%

Cacela (Vila Real de Stº António)

20

8

60%

D. Afonso III (Faro)

135

52

62%

Monchique

24

8

66.6%

José Buisel (Portimão)

50

20

60%

D. Martinho Castelo Branco (Portimão)

40

17

57.5%

Vidigueira

38

12

68%

Cuba

24

15

38%

Valongo do Vouga (Águeda)

70

23

67%

Murtosa

62

18

71%

Condeixa

93

40

57%

Marrazes

170

55*

68%

Ana Castro Osório (Viseu)

54

29

47%

Canas de Senhorim

50

26

48%

* Encontram-se ainda 48 casos pendentes de reavaliação.

Esta decisão do ME/Governo, vertida em Lei, tudo indica que deixará sem apoio muitos milhares de crianças e jovens que dele necessitam, que provocará piores condições de trabalho nas escolas públicas e que deteriora as condições de aprendizagem de todos os alunos.

É neste quadro que a FENPROF tem denunciado a mentira dos responsáveis do ME quando afirmam ser sua intenção defender a Escola Pública. Não é verdade, como se confirma com mais esta situação que a FENPROF, mais uma vez, denuncia.

A POLÍTICA DO GOVERNO PARA ESTA ÁREA ABRE PORTAS AO NEGÓCIO DOS PRIVADOS

À custa destas decisões políticas do Governo e das medidas que as concretizam, abrem-se portas para negócios que não deveriam existir. Em Coimbra, por exemplo, já está a ser distribuído a pais e encarregados de educação um folheto em que se informa que abrirá um novo serviço -privado, claro – que dará apoio a crianças que não tendo qualquer deficit cognitivo, nem lesão sensorial ou neurológica, nem problema sociais ou familiares graves continua, apesar disso – acrescentam -, a ter problemas de aprendizagem.

Esse apoio, informam, será realizado através de psicólogos, professores, terapeutas da fala, técnicos de psicomotricidade, oftalmologistas, otorrinolaringologistas, fisiatras, posturologistas, médicos de oclusão e nutricionistas.

Informam, ainda, os pais que em Setembro a escola já terá definidos os apoios distribuídos, deixando implícito que os seus filhos ficarão excluídos, portanto, acrescentam, é importante começar já a pensar em preparar o apoio para a criança, em referência às que apresentam situações como as anteriormente descritas.

Quem paga? Claro está, os pais, pois o ME/Governo está a destruir o carácter inclusivo da Escola Pública e não lhes restarão alternativas públicas. A FENPROF repudia esta atitude ministerial que não tem em conta direitos essenciais de todas as crianças e jovens, que deverão ser reconhecidos e respeitados.

FENPROF CONTINUARÁ A LUTAR POR UMA ESCOLA VERDADEIRAMENTE INCLUSIVA

Face a esta gravíssima situação, a FENPROF:

1. Considera de grande importância que a Assembleia da República tenha em conta a Petição entregue pela FENPROF, com mais de 14.000 peticionários, e que o momento da sua discussão em Plenário seja a oportunidade para iniciar um processo de verdadeira alteração do actual enquadramento legal;

2. Exige do Governo o respeito por todos os alunos com NEE, designadamente através da adopção, pelo ME, de critérios educativos para a sua elegibilidade e a garantia dos apoios que se revelem indispensáveis;

3. Apresentará as suas preocupações, que constam deste documento, reforçando-as com outros documentos de especialistas e de serviços com responsabilidades nesta área, junto do Senhor Presidente da República, do Senhor Presidente da Assembleia da República, da Provedoria de Justiça, dos Grupos Parlamentares e da Inspecção-Geral de Educação;

4. Enviará, ainda, estes documentos às organizações representativas de pais e encarregados de educação, tanto mais que estes não têm sido envolvidos, nem se prevê que o sejam, no processo que conduz ao afastamento dos seus filhos.

5. Enviará, igualmente, a documentação ao Sindicato dos Inspectores de Educação e ao Sindicato dos Psicólogos Portugueses;

6. Solicitará audiências à Federação Nacional dos Médicos e à Ordem dos Médicos para apresentação das suas preocupações;

7. Denunciará o Estado Português junto da UNESCO por incumprimento de compromissos internacionais, designadamente por violação da Declaração de Salamanca subscrita em 1994;

8. Reforçará o seu trabalho com as Associações representativas de Deficientes, designadamente a APD e a CNOD;

9. Apoiará todas as escolas que, recusando-se excluir alunos com NEE da Educação Especial, venham a ser incomodadas pela administração educativa (quer Direcções Regionais de Educação, quer Inspecção-Geral de Educação).

Se o Governo pretende poupar dinheiro, reduzindo a despesa pública, que o faça cortando nos privilégios da classe política e nas mordomias e remunerações dos gestores e administradores de empresas públicas, investindo adequadamente na Educação, no Ensino e na Formação dos Portugueses. Se não o fizer, o actual Governo continuará a prestar um mau serviço ao País que já é hoje recordista de desigualdades dentro da União Europeia.

Quanto à FENPROF não abdicará de lutar por uma Escola Pública de Qualidade e verdadeiramente Inclusiva, pilar fundamental para o aprofundamento da democracia e para a construção de uma sociedade que, também socialmente, seja justa. Quando do ME/Governo se esperava a criação de condições para combater eficazmente flagelos como os insucesso e abandono escolares, com esta legislação, ME e Governo estão a actuar em sentido contrário!

Lisboa, 6 de Junho de 2008
O Secretariado Nacional

HORÁRIOS DE TRABALHO NAS ESCOLAS – PROTESTO DOS DOCENTES

Ofício em formato pdf

A avaliar pelas inúmeras notas de protesto que chegam ao SPRA, de entre as diversas situações que estão a causar maior descontentamento e mal estar nas escolas, releva, no momento, os abusos que estão a ser cometidos relativamente aos horários de trabalho dos docentes, dado o incumprimento do que a lei determina.

Se já é controversa a obrigatoriedade da permanência efectiva das 24 ou 26 horas na escola, consoante os sectores e níveis de ensino, resultante de uma visão funcionarizante da profissão, mal compreendida e mal aceite pelos docentes, não há dúvida de que a ousadia da segmentarização dessas horas, em 30 ou mais segmentos lectivos e para-lectivos, está a perverter os propósitos e os fundamentos que estiveram na génese da sua determinação.

Com esta distribuição de serviço, marcada no horário dos docentes, de que resulta uma constante interacção directa com os alunos em espaços pré-determinados e com horários pré-definidos, aos quais se impõe um controle rígido desse tempo, mediante a obrigatoriedade da assinatura de livros de ponto, distribuídos pelos diversos espaços da escola, não há dúvida de que, com este procedimento, se agravou, na prática, e de forma substancial, o horário lectivo dos docentes, se considerarmos que muitas das funções da componente lectiva passaram para a não lectiva de estabelecimento.

Como se não bastasse, junta-se a tudo isto a obrigatoriedade do cumprimento das inúmeras reuniões, convocadas com extensas agendas que, em alguns casos, chegam a durar 5 horas consecutivas e, por vezes, 7 horas, ainda que subdivididas por dois dias, as quais, na sua grande maioria, não estão a ser contabilizadas no tempo de permanência no estabelecimento, agravando, de forma significativa, as horas de trabalho na escola. Alguns Conselhos Executivos confirmam que se situam entre as trinta e as quarenta horas semanais, com claro prejuízo para a qualidade da educação e do ensino, que só tem sido possível salvaguardar devido ao profissionalismo e sentido de responsabilidade dos docentes, que se têm sujeitado a um acréscimo do trabalho que ultrapassa, em muito, as trinta e cinco horas exigidas aos funcionários públicos, situação que não pode continuar, tendo em consideração as exigências que se colocam ao seu desempenho no plano da acção educativa, da interacção escola/sociedade e da formação/investigação que o novo modelo de avaliação pretende julgar.

Porque é urgente corrigir esta situação, dado o desespero dos Educadores e Professores, solicitamos a V. Exa. que nos informe, de modo explícito, qual o entendimento que a SREC/DRE e os serviços da Inspecção têm relativamente ao ponto 3, artº 117º, do ECD na RAA, no que se refere ao conceito de reuniões de carácter ocasional, uma vez que, na prática, para a maioria das escolas, todas as reuniões estão a ser englobadas neste conceito, o que, no entender do SPRA, contraria o sentido e o espírito da lei. Entendemos por reuniões ocasionais aquelas que resultam de ocorrências não previsíveis, isto é, que não se encontram previamente programadas e calendarizadas, nomeadamente conselhos de turma disciplinar, ou outras afins.

Pelo facto de esta situação ser insustentável e porque os docentes exigem respeito pela sua dignidade profissional, não estando dispostos a pactuar, de forma silenciosa, com a exploração do seu trabalho, o SPRA exige uma tomada de posição junto das escolas, para que ainda este ano e, sobretudo, no próximo ano lectivo, se tenha este tempo em consideração, de modo a ser contabilizado no tempo de permanência no estabelecimento, e se registe, apenas e só, no horário dos docentes, como ficou acordado com o SPRA, na base do entendimento que o Sr. Secretário tem sobre o assunto, os tempos da componente lectiva e as horas da componente não lectiva de estabelecimento, circunscrevendo-se a obrigatoriedade dos sumários e registos de ponto às funções inerentes à componente lectiva, incluindo, obviamente, as horas de entrada e saída no estabelecimento.

Esperando os devidos esclarecimentos e a melhor atenção de V. Exa. sobre o assunto, apresentamos os nossos respeitosos cumprimentos.

O Presidente do SPRA

Armando António Dutra

Tomada de Posse dos Corpos Gerentes do SPRA – Imagens

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Tomada de Posse dos Corpos Gerentes do SPRA

A assunção de responsabilidades no movimento sindical é, hoje, mais do que um exercício de cidadania, um acto de coragem, alicerçado em ideais, princípios e valores que vêem na defesa do colectivo a melhor forma de assegurar os direitos e o respeito pela liberdade individual. ….  (ler o texto de tomada de posse )

5 de Junho – Manifestação da CGTP-IN em Lisboa – IMAGENS

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5 de Junho – Manifestação da CGTP-IN em Lisboa

 

“O custo de vida aumenta, o povo não aguenta”, “Para o capital há milhões, para os salários só tostões”, “A precariedade é injusta, os jovens estão em luta”, “O país não se endireita com políticas de direita”, “Direitos conquistados não podem ser roubados” , “É mesmo necessário o aumento do salário”.

Estas foram algumas das palavras de ordem que acompanharam, na tarde de 5 de Junho (quinta-feira), em Lisboa, a mega-manifestação (como frisou a reportagem da TSF) que a CGTP-IN realizou, entre o Marquês de Pombal e os Restauradores, envolvendo 200 000 trabalhadores do sectores público e privado, oriundos de diferentes regiões do país, que protestaram contra a revisão das leis laborais que o Governo quer impor.

Mobilizados pelos Sindicatos da FENPROF, numerosos professores e educadores também participaram nesta acção do movimento sindical unitário, rejeitando com firmeza as políticas do Ministério da Educação contra os docentes e contra a Escola Pública (novo modelo de gestão, Estatuto da Carreira, Educação Especial, horários de trabalho, encerramento cego de escolas, etc). Mário Nogueira, secretário-geral da FENPROF, desceu a Avenida integrando a cabeça da manifestação, ao lado de outros elementos da Direcção da Central.
Sabemos que há futuro

Palco de históricas manifestações, como sucedeu com a Marcha Nacional da Indignação de 8 de Março, a Avenida da Liberdade voltou a encher-se, transformando-se numa gigantesca afirmação de unidade, firmeza e confiança do mundo do trabalho. “Juntos pela mudança, lutamos com confiança”, gritou-se neste 5 de Junho de luta contra a precariedade laboral, contra a desregulamentação das leis do trabalho, contra a injustiça.

Como foi sublinhado na tribuna instalada nos Restauradores, “o Governo não pode continuar a mentir aos trabalhadores”, que exigem um novo rumo para o País, porque, como sublinhou Carvalho da Silva na concentração final desta jornada, “sabemos que há futuro!”.
  
Com a Avenida da Liberdade repleta de manifestantes e com o fim do cortejo ainda na Praça do Marquês de Pombal, o secretário-geral da CGTP-IN grantiu que “o protesto vai ampliar-se” e anunciou a realização de manifestações em todas as regiões do país já no próximo dia 28 de Junho. Perante a proposta governamental de revisão do Código do Trabalho e o agravamento das condições de vida, os trabalhadores e as suas organizações representativas não ficam de braços cruzados.

“Vamos encher as ruas de muitas cidades, porque não abdicamos de construir um futuro para Portugal”, realçou o dirigente da Central, acompanhado na tribuna por outros sindicalistas.

O ataque à Administração Pública

Após a intervenção de Carvalho da Silva, foi aprovada a resolução “Não a esta revisão das leis laborais! Vida e trabalho digno para todos!”, onde se pode ler a dado passo:

“O Governo aprovou para a Administração Pública leis de carácter laboral que põem em causa o direito ao trabalho e instalam a precariedade; generalizam os despedimentos individuais com base numa pretensa inadaptação ou em duas avaliações negativas; destroem todo o sistema de carreiras; introduzem o arbítrio a nível de remunerações; querem dotar as chefias de um poder discricionário”.

“Esta ofensiva”, acrescenta a resolução aprovada nos Restauradores, “surge articulada com um conjunto de medidas que visam reduziir as funções sociais do Estado, tendo como consequência uma degradação ainda maior das condições de vida da população”.

5 de Junho: Dia Mundial do Ambiente

 
 
 
 
 
No dia mundial do ambiente, 5 de Junho, lembram-se os problemas que afectam a vida no planeta.
 
De ano para ano há cada vez mais gente que toma consciência desses problemas. De ano para ano fala-se cada vez mais dos problemas ambientais. Mas de ano para ano a situação piora.
Os habitats dos seres vivos são destruídos. A cada ano que passa há cada vez mais espécies que são extintas por acção do Homem. Todos os anos aumenta o número de espécies ameaçadas.
 
A água está mais contaminada. É motivo de conflitos em várias regiões do mundo. A água é também cobiçada pelos lucros que alguns tentam obter à custa dos consumidores. Já se permitiu a privatização da sua distribuição em Portugal, no concelho de Elvas. A passagem da água do domínio público para o privado é muito preocupante.
 
A expansão urbana tem sido caótica em Portugal, degradando-se assim o ambiente onde as pessoas vivem. A importância económica, política e social do território tem sido subestimada em Portugal. Grande parte das injustiças sociais e dos atentados ambientais que afligem o nosso país resultam de más políticas de solo e urbanismo. Muitos trabalhadores têm de pagar empréstimos elevados durante muito anos devido ao preço das habitações. O desordenamento do território e o preço das habitações é determinado pelos ganhos obtidos pelos proprietários dos terrenos no loteamento. E em Portugal, ao contrário do que acontece noutros países, o loteamento é realizado pelos proprietários privados dos terrenos e não por entidades públicas. O que contribui para que ganhos de dez mil por cento na passagem de solo rural a urbano resultantes dos Planos Directores Municipais. O metro quadrado de terreno custa o dobro em Lisboa do que em Berlim, por exemplo.
 
A poluição é também um problema que se agrava. Com ela aumentam os problemas de saúde associados. A emissão de gases com efeito de estufa aumenta de forma insustentável. O movimento sindical, nomeadamente no seio da Confederação Europeia dos Sindicatos (CES), está comprometido na redução das emissões dos gases com efeito de estufa, quer seja nos locais de trabalho no plano nacional, no plano europeu ou mundial. Desde 2002 que a CES fez das alterações climáticas uma das suas prioridades da sua estratégia de desenvolvimento sustentável.
 
Ao mesmo tempo que aumenta a degradação do ambiente, as desigualdades entre os mais ricos e os mais pobres aumentam em Portugal.
 
Ora o desenvolvimento, para ser sustentável, tem de assentar não só no pilar económico, mas também nos pilares social e ambiental. O reforço destes últimos é que permitirá responder às necessidades das gerações actuais, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de responder às suas próprias necessidades.
CGTP-IN
 
 

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