Quarta-feira, Outubro 2, 2024
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HORÁRIOS DE TRABALHO NAS ESCOLAS – PROTESTO DOS DOCENTES

 

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Como já era previsível, embora não desejável, iniciamos mais um ano lectivo em que a elaboração de horários pelas diversas escolas está em “roda livre”. Cada Conselho Executivo faz da lei o seu entendimento pessoal, sem que, apesar do apelo do SPRA, a Secretaria Regional da Educação e Ciência se preocupe em emitir qualquer orientação interpretativa sobre o assunto que, ao menos, ajude à uniformização de critérios.

Infelizmente, parece que a confusão interessa ao Sistema Educativo Regional, desde que em claro prejuízo para os docentes, porque se de outro modo fosse, como já aconteceu em algumas situações, a atitude da SREC seria bem diferente.

A comprovar esta situação está o silêncio que o Sr. Secretário reserva sobre esta matéria, uma vez que nem se dignou responder ao nosso ofício Refª 457-02/2008 de 2008-06-11.

Pelo que está a acontecer, uma vez mais se verifica que a lógica do pensamento que esteve subjacente ao processo negocial sobre esta matéria, com o SPRA, é subvertida na sua aplicação com claro consentimento da tutela, visível na total segmentarização das 24 ou 26 horas de permanência no estabelecimento, consoante os sectores e níveis de ensino, agravada, em muitas escolas, com a calendarização de todas as reuniões para além do referido tempo, o que parece comprovar a existência de discursos diferentes para os Sindicatos e para os Órgãos Executivos.

Como o SPRA considera que em Democracia, no mínimo, as organizações sindicais merecem o direito de resposta, solicita a V. Exa. o que se lhe oferecer sobre o assunto, relativamente ao nosso ofício emitido em Junho, cuja referência já foi acima expressa.

Com os melhores cumprimentos

Armando António Dutra

Presidente do SPRA

TOMADA DE POSSE DO PRESIDENTE DA DIRECÇÃO DO SPRA

 

 

 

 

 

 

 

 

Após a eleição dos novos Corpos Gerentes do Sindicato dos Professores da Região Açores, para o triénio 2008/2011, e de, estatutariamente, a Direcção, na sua primeira reunião, ter eleito o seu Presidente, aproveito este acto formal de tomada de posse como Presidente do SPRA para reafirmar que, apesar da tendência de sobrevalorização das lideranças relativamente às organizações, enquanto estruturas colectivas, considero, no entanto, que a vitalidade e a força das associações valem pelo seu todo, pela oportunidade que cada um dos seus membros tem de se comprometer, com o seu pensamento e com a sua acção, na edificação de um projecto colectivo, que seja mobilizador daqueles que representa.

É com esta confiança, no empenho e disponibilidade de todos, que me proponho continuar a trabalhar para que o Sindicato dos Professores da Região Açores se mantenha merecedor da credibilidade que, há mais de 30 anos, lhe é reconhecida pela classe docente e pela sociedade, dado o seu contributo para o salto cultural das últimas gerações, marcado pela crescente escolarização do seu povo, que não só reforçou a consciência da Açorianidade, como projectou os horizontes da sua ambição e do seu desenvolvimento.

A transformação da sociedade Açoriana quer-se na base de um modelo que respeite e estimule a vivência democrática, pelo que é preciso cultivar, nos planos social e político, com particular incidência junto dos mais novos, não só os pressupostos teóricos, mas, também, as oportunidades de participação no seio dos organizações e instituições, sendo as escolas espaços de excelência para tais aprendizagens.

Embora sendo importante, não basta proporcionar, ocasionalmente, às crianças e jovens a partilha, quer no plano regional quer no plano nacional, dos espaços mais nobres e emblemáticos das estruturas democráticas, como a Assembleia ou o Parlamento, a fim de exercitarem o debate e afirmarem a cidadania, assente no respeito pelos outros e pela pluralidade de opinião. É preciso criar as condições para que as escolas sejam os palcos privilegiados desse exercício, que se deseja quotidiano, em que a forma de estar e a substância do ser se conjugam na edificação dessa cultura democrática, que é fundamental se queremos combater o alheamento dos jovens em relação às questões políticas, se desejamos melhorar o baixo grau de intervenção cívica dos cidadãos e contrariar o consequente empobrecimento da vida democrática.

É curioso o espanto de alguns órgãos de soberania em relação ao crescente afastamento dos cidadãos da vida política, particularmente da juventude, quando é o próprio Governo a desconfiar e a desacreditar da eficiência das instituições que são geridas democraticamente, ao ponto do pôr em causa, ao nível nacional, a Gestão Democrática das Escolas; quando é o próprio Governo, no plano legislativo, a dificultar a mobilização dos trabalhadores e das trabalhadoras e a atacar as suas organizações, procurando inviabilizar o funcionamento dos Sindicatos, que se têm afirmado como importantes “escolas da democracia”, dinamizando reuniões, suscitando reflexões e debates, promovendo mobilizações, intervindo, de forma empenhada e activa, na vida social, muitas vezes superando a própria dinâmica partidária, salvo nos períodos pré-eleitorais.

É por isso que o SPRA se debateu pela salvaguarda da Gestão Democrática das Escolas na Região e continuará a debater-se para que essa democraticidade contribua para transformar as escolas em centros comunitários de forte participação social, onde os agentes educativos e as forças vivas da comunidade possam envolver-se cada vez mais nas questões da Educação, sem, contudo, deixarem de considerar e de respeitar a opinião e o saber dos docentes, enquanto profissionais de Educação, não raro desprezados nas decisões de política educativa.

Importa, contudo, considerar que o grau de responsabilização social que se pretende no plano do acompanhamento do percurso escolar dos educandos depende, em muito, do nível sócio-cultural das populações. Se pretendemos evoluir socialmente de forma consistente, a Escola tem de ganhar uma nova centralidade no espaço comunitário, interagindo de forma directa e articulada junto das populações, não só desenvolvendo acções integradas que envolvam outros profissionais e outras instituições, mas também assumindo um papel formativo mais relevante no plano da educação extra-escolar, de modo a contribuir para superar os ainda baixos níveis de escolarização/formação que condicionam o desenvolvimento e as dinâmicas sociais, bem como o trabalho educativo que se desenvolve em espaço escolar. Tem de haver um esforço suplementar para que o que se constrói de positivo em ambiente escolar não seja neutralizado no espaço familiar e social. A escola tem de aproximar-se das famílias, se necessário, assumindo novas valências, para que os projectos educativos tenham em conta a realidade social. Só assim é que a escola se pode afirmar como pólo de desenvolvimento social, o que requer, obviamente, uma política educativa mais integradora e, simultaneamente, mais responsabilizante.

No plano da responsabilização, nunca, como agora, se acentuou a importância e a necessidade do controle da actividade docente, no pressuposto de que os problemas escolares e sociais são endógenos à escola e advêm de um mau exercício da profissão, que, supostamente, se pretende corrigir através de processos de avaliação complexos, formais e burocráticos, tão ou mais consumidores de tempo e energias do que as empregues no próprio trabalho. O SPRA, além de discordar desta atitude culpabilizante que denegriu injustamente a imagem social dos docentes, bem como da visão depreciativa que alguns governantes têm do desempenho dos professores e educadores, considera que a avaliação deve ser encarada como um processo meramente regulador da qualidade do trabalho ou serviço que se presta, associada a processos formativos que visem a melhoria do desempenho e não como um instrumento de controle e gestão de recursos financeiros, cujos resultados são altamente duvidosos, por serem potenciadores de conflitualidades nas relações de trabalho, que em nada contribuirão para melhorar a qualidade do serviço público de Educação, fazendo triunfar o individualismo sobre o trabalho solidário e cooperativo.

O Sindicato dos Professores da Região Açores não pretende desvalorizar ou minimizar as insuficiências de alguns desempenhos, embora também reconheça que algumas dessas insuficiências se devem, em determinadas situações, a deficiências de formação académica, que tenderão a agravar-se com o novo modelo de formação inicial de professores, e a desajustamentos entre a formação académica e a formação profissional, potenciada, por vezes, com o desrespeito pela habilitação dos docentes, sendo a própria administração educativa a exigir o desempenho de funções em níveis ou sectores de ensino que não correspondem à sua formação profissional. É o próprio Ministério da Educação que, ao pretender introduzir as provas de ingresso na carreira, reconhece tais défices de formação, só que em vez de agir preventivamente, avaliando e acompanhando o trabalho das instituições de ensino superior, reage da forma mais cómoda, no fim da linha, penalizando individualmente os jovens licenciados ou aqueles que, sujeitos ao processo de Bolonha, venham a concluir os seus mestrados, vendo-se na contingência de não lhes serem reconhecidas as suas competências para o ensino, ao terem de sujeitar-se a duas ou três provas, mediante as quais o Governo e o respectivo Ministério pretendem colmatar a deficiente formação de algumas Universidades e Institutos Politécnicos.

Não se pretende pôr em causa a avaliação interna e externa das escolas, mas o modo como se processa, nem se deseja suprimir a avaliação ou desresponsabilizar os docentes pelo seu desempenho. Não obstante, importa alertar para o facto de que a educação é uma responsabilidade transversal à Escola e à Sociedade e de que a Escola, apesar de todas as exigências e punições que o Sistema Educativo pretenda impor aos professores e educadores, por si só não conseguirá superar os problemas escolares inerentes ao comportamento e aproveitamento dos alunos. Poder-se-á, por diversas formas, condicionar os resultados estatísticos, reduzindo o nível de exigência das provas, dos exames, ou dos processos de avaliação contínua face à maior ou menor pressão que se faz incidir sobre os docentes, penalizando-os na sua avaliação ou no aumento do trabalho burocrático, só que o desenvolvimento social não se fará, decerto, com uma população muito certificada mas pouco qualificada.

Na Região, apesar de se terem dado passos importantes na democratização do ensino, com o crescente alargamento da Educação Pré-Escolar e Escolar, de o Ensino Profissional se ter afirmado como alternativa ao Ensino Secundário, colmatando a carência de quadros técnicos intermédios em diversas áreas, não se conseguiu, de facto, ultrapassar o grave problema do insucesso escolar. Subsistem as preocupações decorrentes da falta de aproveitamento escolar, apesar dos contrastes estatísticos que se registam ao nível do Ensino Básico e do Ensino Secundário. Tais desajustamentos permitem-nos concluir que, apesar do esforço desenvolvido pela Secretaria da Educação, visando a máxima certificação de alunos, mediante a introdução de percursos alternativos, de currículos adaptados e de vias pré-profissionalizantes, tal formação, embora tendo contribuído para a melhoria dos resultados estatísticos dos alunos ao nível do Ensino Básico, não só não possibilitou uma sólida formação de base necessária ao prosseguimento de estudos como, em muitas situações, induzirá em falsas expectativas, atendendo a que muitos destes jovens, dada a sua deficiente formação, terão grandes dificuldades em afirmar-se como cidadãos de pleno direito, numa sociedade cada vez menos solidária e mais competitiva. O sistema de ensino tem de fazer mais por estas crianças, não só agindo no plano escolar, o mais precocemente possível, de forma diferenciada e individualizada, mas também interagindo no plano sócio-familiar, porque eventuais desinvestimentos nesta fase terão custos sociais elevados no futuro.

Apesar de se instalar uma certa descrença quanto ao investimento na Educação como condição para almejar uma boa qualidade de vida futura, visível nas significativas taxas de abandono escolar nos ensinos Secundário e Superior, há que desenvolver uma acção pedagógica junto dos alunos e das famílias, de modo a que reconheçam que as baixas qualificações também não são a solução para o problema do desemprego ou do emprego precário e mal remunerado. Há ainda que tomar consciência de que, perante um mercado de trabalho cada vez mais exigente e competitivo, já não basta estudar o mínimo para passar de ano ou para obter um determinado certificado ou diploma. A vida escolar ou académica precisa de ser encarada com outra exigência e com outra ambição, porque o recrutamento e selecção das pessoas já não se faz apenas em função das habilitações, mas do nível de saberes e de competências adquiridas.

O Sistema Educativo não pode alimentar esta ilusão de que a mera certificação é condição necessária e suficiente para vencer os desafios do futuro. A escola tem de ser um espaço de trabalho mais próximo da comunidade, mais mobilizador, mais interventivo, mas também mais responsabilizante para todos. Precisamos de uma escola menos permissiva e tolerante, onde impere o rigor, a exigência e a disciplina e, sobretudo, o respeito pelas normas instituídas e pelo corpo docente e não docente, condição sem a qual a escola não pode cumprir a sua missão educativa. Os encarregados de educação têm de assumir uma postura mais colaborativa para com os professores e educadores, encarando o seu trabalho não apenas na dimensão escolarizante, mas como um prolongamento da acção maternal e paternal.

No plano sindical e da acção reivindicativa, o SPRA continuará a privilegiar, sempre que possível, a via negocial, no sentido de conjugar e harmonizar o interesse profissional e o interesse público, defendendo, igualmente, o respeito pela ética profissional e pelos princípios deontológicos, como condição para o reconhecimento da necessidade de se valorizar e dignificar a profissão docente. Sem prejuízo da unidade nacional, defenderemos as competências autonómicas para melhorar as condições de trabalho e o desempenho da actividade docente, em prol de uma melhor qualidade de ensino e de oferta educativa. O caminho da diferenciação positiva terá de prosseguir, enquanto subsistir a visão retrógrada do Ministério da Educação, sendo ainda longo o caminho a percorrer na Região para que o sistema educativo regional mereça o consenso da comunidade educativa.

Numa visão genérica dos problemas que perpassam os diversos sectores e níveis de ensino, lamentamos que esta equipa governativa tenha posto em causa o que de melhor tinha construído para a Educação Pré-Escolar nesta Região, considerada como referência tanto no continente Português como na Região Autónoma da Madeira. Consideram-se decisões políticas, sem qualquer sustentabilidade pedagógica, as que resultam da determinação do alargamento do número de crianças, de 20 para 25, em cada sala de Jardim de Infância, retirando-lhes o direito ao apoio de uma auxiliar, sobretudo quando se decide o alargamento da faixa etária que passa a abranger crianças dos 2 aos 6 anos, ou seja, crianças com menos autonomia que necessitam de um acompanhamento mais individualizado, pondo, deste modo, em causa a sua segurança e o seu bem-estar, nomeadamente no âmbito da saúde individual e colectiva, comprometendo os objectivos pedagógicos constantes das orientações curriculares.

Ao nível do 1º Ciclo do Ensino Básico vive-se o sentimento da insatisfação e da discriminação, não só perante um regime de aposentação que foi alterado sem salvaguardar uma transição gradual e justa, mas porque além de possuírem uma carga lectiva maior do que a estabelecida para os restantes níveis e ciclos de ensino, quando inseridos em contextos de trabalho que funcionam de forma segmentada, em regime de pluridocência, são tratados pela administração educativa de forma desigual, numa clara violação das normas e dos princípios definidos no Estatuto da Carreira Docente.

Nos 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico e Ensino Secundário assiste-se a um voluntarismo experimentalista tendencialmente generalizado, com implicações relevantes na alteração do desenho curricular do Ensino Básico, instituído ao nível nacional, desde 2001, sem que se proceda a uma avaliação daquela estrutura curricular e à audição da comunidade educativa, relativamente às inovações introduzidas, sustentada em pareceres das associações profissionais, sindicatos e peritos em Ciências de Educação.

O agravamento injustificado dos horários de trabalho no Ensino Secundário e a incapacidade do sistema para vencer as altas taxas de insucesso e abandono escolares que persistem neste nível de ensino constituem preocupações generalizadas entre os docentes que requerem uma atenção especial da tutela.

Relativamente à Educação Especial, o sentimento geral é o de que temos uma escola cada vez menos inclusiva, resultante da criação de programas especiais que conduzem à segregação e exclusão dentro da própria escola e da adopção de um novo modelo de classificação baseado em critérios de avaliação médico-psicológica – CIF, em vez de critérios pedagógicos, retirando o apoio especializado necessário a muitas crianças e jovens com necessidades educativas especiais. Além da desvalorização do trabalho dos docentes de Educação Especial e do agravamento do seu horário de trabalho, que urge reconsiderar, reclama-se a constituição de incentivos à formação especializada de docentes, a par da promoção de acções regulares de formação contínua no âmbito das diversas problemáticas da Educação Especial.

No que se refere ao Ensino Profissional, que se tem afirmado como uma alternativa válida de formação, com bons resultados escolares e significativos níveis de empregabilidade, em virtude de os cursos leccionados terem em conta as características do meio e as carências do mercado de trabalho, verifica-se, no entanto, que esta modalidade de ensino na Região, dominantemente privado, não salvaguarda a desejada estabilidade de emprego aos seus formadores, vivendo permanentemente em situação de precariedade e sujeitos ao expediente dos “falsos” recibos verdes.

Apesar de o Estado, que tutela, através da SREC, a única escola profissional pública da RAA, manter o mesmo expediente, não dando o exemplo de boas práticas contratuais, o SPRA considera que não só urge proceder à contratação dos docentes das disciplinas homólogas nos mesmos moldes e com as mesmas normas contratuais que vigoram para os demais docentes do ensino regular, como se deveria trabalhar no sentido da constituição de um Contrato Colectivo de Trabalho para o Ensino Profissional, apesar de defendermos a integração progressiva do Ensino Profissional na Escola Pública.

Quanto ao Ensino Particular e Cooperativo, sendo inegável a importância que este sector tem na sociedade açoriana em termos educativos e pedagógicos e no apoio social que é prestado às famílias, sobretudo ao nível das Creches e Jardins de Infância, não é menos verdade que é necessário definir normas e clarificar procedimentos, ao nível de diplomas e contratos colectivos de trabalho, para que todos os estabelecimentos possam funcionar com coerência e com a qualidade educativa que se pretende. Por isso, o SPRA irá envidar os esforços necessários de modo a participar efectivamente nas negociações do Contrato Colectivo de Trabalho do Ensino Particular e Cooperativo, de modo a serem estabelecidos horários de trabalho e gratificações pelo desempenho de cargos equivalentes aos do ensino público, a par de uma maior democraticidade na sua atribuição, exigindo-se que o tempo de serviço prestado nos ATL, desde que em funções educativas e pedagógicas devidamente programadas e avaliadas e exercidas por docentes habilitados, seja contabilizado para efeitos de concurso.

Partilhando o sentimento de que a Educação é um direito e uma responsabilidade de todos e de que não é património de ninguém, o Sindicato dos Professores da Região Açores não abdicará de ser propositivo e simultaneamente crítico em relação às questões da Educação e do Ensino, dando voz ao sentir dos Professores e Educadores que reclamam um novo rumo para a Educação, uma nova política e o SPRA está com eles.

Armando Dutra

Presidente do SPRA

Avaliação do desempenho na situação em que o docente não tenha leccionado um mínimo de 90 dias motivada por faltas equiparadas a serviço efectivo.

Avaliação do desempenho na situação em que o docente não tenha leccionado um mínimo de 90 dias motivada por faltas equiparadas a serviço efectivo. (ver a circular em formato pdf )

 

… Nas situações em que não haja lugar a avaliação do desempenho porque o docente não leccionou um mínimo de 90 dias durante o ano escolar, por motivo de faltas dadas nos termos previstos no n.º 5 do art. 76.º do ECDRAA,  a requerimento do interessado, pode aquela ser suprida para efeitos de progressão na carreira.

Calendário de acções e lutas para as próximas semanas

 

“O Governo começa mal neste novo ano escolar”, sublinhou Mário Nogueira na conferência de imprensa realizada pela FENPROF após a reunião de dois dias do seu Secretariado Nacional (4 e 5 de Setembro), realizada em Coimbra.

O secretário-geral da FENPROF condenou energicamente as recentes declarações do Primeiro Ministro sobre o desemprego docente. “A grande maioria dos 40 mil professores que estão hoje no desemprego faz realmente falta ao sistema educativo”, garantiu o dirigente sindical. “Sobram professores porque o Governo tomou medidas para que sobrassem… Há uma política deliberada para cortar no trabalho docente, como as escolas bem sabem”, observou Mário Nogueira.

O secretário-geral estava acompanhado, na Mesa deste encontro com a comunicação social, por outros dirigentes da FENPROF: António Avelãs (SPGL), Manuela Mendonça (SPN), Anabela Sotaia (SPRC), Rui Sousa (SPZS), Marília Azevedo (SPM) e Armando Dutra (SPRA).

Mário Nogueira destacou que o investimento do Governo na Educação “é insuficiente”, chamou a atenção para “o foguetório” que já está aí à volta de medidas pontuais lançadas pelo Governo e apontou as principais iniciativas que a FENPROF dinamizará nas próximas semanas, com o envolvimento dos educadores e professores de todo o País. Já de seguida, aqui fica uma síntese desse calendário.

10 DE SETEMBRO
No primeiro dia de abertura do ano lectivo, a FENPROF dirigirá uma saudação aos Professores, que sublinhará as condições em que o ano 2008/2009 se inicia.

10 DE SETEMBRO
Participação numa iniciativa da CGTP-IN, na qual se fará a entrega do parecer da FENPROF e dos Sindicatos relativamente à proposta do Governo para alteração do Código de Trabalho

15 DE SETEMBRO
Manifesto em Defesa da Escola Pública
 – realização de iniciativas nas  capitais de distrito e noutras cidades para recolha de assinaturas e distribuição de texto à população. Trata-se de uma iniciativa conjunta da FENPROF e da CGTP-IN, que já está em marcha, designadamente através da página electrónica http://www.escolapublica.com

19 DE SETEMBRO
Participação no Plenário Nacional da Administração Pública, envolvendo dirigentes e delegados sindicais de todo o País.

1 DE OUTUBRO
Participação dos professores e da FENPROF na Acção Nacional de Luta da CGTP-IN cuja forma e conteúdo será decidida região a região, perspectivando-se a realização de plenários, reuniões, contactos nas escolas e/ou concentrações. Esta acção será articulada com as Uniões de Sindicatos.

5 DE OUTUBRO
Grande envolvimento da FENPROF nas comemorações do Dia Mundial do Professor, que no plano internacional decorrerá com o lema  Sim, os Professores contam.

8 DE OUTUBRO
Apresentação pública das proposta da FENPROF sobre um modelo alternativo de Avaliação do Desempenho, a partir da qual será lançado o debate nas escolas. Esta proposta será discutida e construída com os professores, com vista à sua apresentação ao Ministério da Educação para negociação, nos termos consagrados através do Memorando de Entendimento, como realçou Mário Nogueira no encontro com os profissionais da comunicação social, realizado em Coimbra (5 de Setembro).

5 DE DEZEMBRO
Conferência Nacional de Quadros Sindicais: aprovação da Carta Reivindicativa dos Professores e Educadores e apresentação pública do Livro Negro da Educação. Aprovação da proposta de Avaliação do Desempenho, discutida previamente nas escolas.

“Os 40 000 professores que ficaram por colocar, na sua grande maioria, fazem falta às escolas e ao sistema educativo”

“É mau que o senhor PM mantenha esta sua atitude de permanente confrontação com os professores, insistindo na sua desvalorização perante a opinião pública”, sublinhou Mário Nogueira na conferência de imprensa que o Secretariado Nacional da FENPROF realizou no passado dia 5 de Setembro (sexta-feira), em Coimbra. No diálogo com os jornalistas, o dirigente sindical abordou um conjunto de matérias de viva actualidade neste arranque do ano lectivo 2008/2009.


“Neste ano lectivo que agora começa, a FENPROF irá apostar em várias frentes, mas uma delas será, sem dúvida, o ECD e a sua revisão global. Pomos à cabeça as questões da avaliação do desempenho dos professores (até porque é uma matéria mais imediata), mas também outros aspectos como a própria fractura da carreira e a não contagem integral do tempo de serviço. Sobre a avaliação do desempenho, a FENPROF calendarizou o trabalho de elaboração e apresentação de uma proposta, de um projecto alternativo ao documento que está em vigor”, destacou Mário Nogueira
/ JPO

2009
um ano com características especiais

Este Secretariado Nacional teve como objectivo prosseguir o balanço do ano lectivo anterior e, principalmente, preparar a intervenção da FENPROF e a acção dos educadores e professores no arranque deste novo ano escolar. Um ano com características e especificidades que decorrem do facto de ser um ano eleitoral: este ano escolar termina em Agosto de 2009, pelo que, em boa parte, coincidirá com o calendário pré-eleitoral; isto não quer dizer que se transforme num ano mais fácil ou que o Governo vá ceder em tudo, não é nada disso, mas repito: é um ano eleitoral, em que poderão surgir algumas “fragilidades” que nós procuraremos aproveitar. 
Temos consciência que algumas situações mais complexas também poderão surgir, tendo em conta o próprio contexto eleitoral, mas será, pelo menos, e isso registamos, um ano diferente dos três anteriores da legislatura; pretendemos também explorar essas diferenças quando elas se traduzirem na possibilidade de serem introduzidas mudanças na política educativa desenvolvida por um Governo que é suportado numa maioria absoluta parlamentar que, ao longo destes três anos, foi insensível às propostas e às reivindicações dos professores. Quantas vezes ouvimos e registámos posicionamentos de desvalorização das acções dos professores, incluindo em relação à grande Marcha da Indignação?

“Facilitismos”?…

Começou mal o Governo no arranque deste ano escolar com uma primeira declaração sobre os professores, proferida pelo senhor Primeiro Ministro. Confrontado há dias pela comunicação social com os números do desemprego docente, publicamente conhecidos, que, aliás, não negou (como alertámos, temos 40 mil professores que ficaram por colocar), o senhor PM veio dizer que o Governo não tinha que contratar quem não precisa, ou seja que estes professores não seriam necessários ao sistema educativo, e que tinha acabado o tempo do “facilitismo”. Foi esta a expressão utilizada, penso que dirigida a um conjunto muito vasto de receptores, nomeadamente a governos anteriores; a conselhos executivos, que no passado, na opinião do senhor PM, teriam contratado professores que não eram necessários nas escolas; aos docentes que, também em sua opinião, trabalham pouco, logo seriam necessários muitos!… Ao não clarificar a que tipo de “facilitismo” se refere, todas as interpretações são possíveis exigindo-se de Sócrates que esclareça a que se refere.
É mau que o senhor PM mantenha esta sua atitude de permanente confrontação com os professores, insistindo na sua desvalorização perante a opinião pública.

Professores no desemprego: 
porquê?

O que o senhor PM disse não é verdadeiro. Os 40 000 professores que ficaram por colocar, na sua grande maioria, fazem falta às escolas e ao sistema educativo. É importante que isto seja afirmado perante os portugueses. A FENPROF não defende que os empregos para os professores sejam criados, tendo por referência o número dos que existem, entre empregados e desempregados. 

O que a FENPROF defende é que sejam criados os lugares que fazem falta às escolas e ao sistema educativo para que seja possível responder, com eficácia e qualidade, a todas as exigências, cada vez em maior número e mais complexas, que se colocam. Se assim for, o desemprego docente sofrerá uma tremenda redução, por razões que não são artificiais. Artificial, por ser deliberadamente criada, é a dimensão do desemprego docente. Do ponto de vista social, seria bom que todos os portugueses, professores ou não, tivessem emprego. Agora, nós, em relação aos números do desemprego docente, colocamos as questões num plano educativo, que tem a ver com o funcionamento das escolas. 

O que é certo é que muitos dos professores ficaram de fora porque foram tomadas medidas deliberadas nesse sentido, para que sobrassem professores, no quadro de uma política economicista cega, que prejudica as escolas e a qualidade do ensino: foram aumentados os horários de trabalho dos docentes; foram alterados os conteúdos das componentes lectiva e não lectiva dos professores; retardaram (e de que forma) as aposentações; não foram tomadas medidas, indispensáveis às escolas, de redução do número máximo de alunos por turma (recordo que, por exemplo, no âmbito dos contratos de autonomia que algumas escolas já celebraram com o Ministério da Educação no ano passado, as propostas que iam no sentido da redução do número de alunos por turma foram todas rejeitadas pelo ME). 

Há, por exemplo, projectos de combate ao abandono escolar que eram muito importantes até no contexto social em que as respectivas escolas estão inseridas e que hoje estão ameaçados, por carência de recursos humanos. O ME autoriza-os, mas adverte que não podem traduzir-se no aumento do número de professores.

Agência de desemprego?

Se, de facto, é verdade que o Ministério da Educação não deve ser uma agência de emprego, como a senhora ministra da Educação faz questão de recordar com frequência, também não aceitamos que o Ministério da Educação se transforme numa agência de desemprego com prejuízo para as escolas e para estes milhares de jovens que ficam desempregados, situação que se tem agravado nos últimos anos.

foguetório do Governo…

Neste início de ano lectivo, é natural que o senhor PM pretendesse que o País se transformasse, ou que as escolas se transformassem numa festa permanente em que os governantes seriam os mordomos, com grande cobertura mediática; agora o que não pode contar é que aqueles (é o nosso caso, FENPROF) que têm legítimas críticas a fazer às políticas educativas deixassem de as fazer e se limitassem a aplaudir o lançamento dos foguetes… Não é isso, seguramente, o que iremos fazer. Quando tivermos que saudar uma medida não hesitaremos em fazê-lo (infelizmente não temos tido muitas oportunidades para o fazer…). Quando tivermos que criticar e alertar os professores e a sociedade para o que é negativo, também não hesitaremos!

Orçamento insuficiente

Sem entrar em grandes pormenores, porque precisamos de ter informação mais rigorosa só possível quando se conhecer a proposta de lei do OE para 2009, a verdade é que não podemos deixar de chamar a atenção para a realidade quando o Governo vem dizer que vai investir no próximo ano, como nunca, na área da Educação. Um investimento que, segundo tem sido anunciado, se reflectirá em cerca de 3,5% de aumento das verbas para a Educação em Orçamento de Estado (OE). Se assim for, mesmo sem conhecermos a distribuição pelas várias rubricas, podemos afirmar que estamos perante um aumento muito insuficiente… Deduza-se a perda que resulta do valor da inflação e estaremos a falar de qualquer coisa como um aumento real de 0,5… Nos últimos 6 anos (de 2002, último governo do PS, a 2008, o actual) a redução real de verbas na Educação foi de 22,2%.

Recorde-se, entretanto, que o OE para a Educação no ano em curso atingiu o valor mais baixo, relativamente ao PIB (Produto Interno Bruto), das últimas décadas. Só para termos uma referência, basta lembrar que em 2002, era então ministro da Educação o Dr. Guilherme d’Oliveira Martins, as verbas para a Educação atingiram os 5,6 por cento do PIB (estamos a falar de mais de sete mil e duzentos milhões de euros). Este ano, as verbas para a Educação são apenas de cinco mil, novecentos e oitenta e quatro milhões; há uma redução em valor absoluto, e representam apenas 3,5 por cento do PIB.

Um aumento de 3,5 por cento é melhor do que repetir o “aumento zero” de 2007 para 2008, mas a verdade é que fica muito aquém das necessidades… Um reforço real, no orçamento, de meio por cento não justifica o foguetório e talvez até justifique, isso sim, uma justificação atendível ao país…

Acção social escolar

Outro aspecto a ter em conta é a campanha que o actual Governo já começou a lançar a propósito do reforço da acção social escolar, abrangendo mais do dobro dos alunos apoiados no ano anterior (passando de quase 300 mil para 700 mil), o que poderá corresponder à verdade. Contudo, não basta falar nos números, nos milhões, em bruto. 

É preciso saber o que significa, para as famílias, nos apoios concretos, o que foi anunciado. Indo aí, a situação é bem mais negra, pois, por exemplo, os alunos que vão ser abrangidos pelo 1º escalão, que na prática têm os apoios mais elevados (refeições, manuais, etc) são aqueles cuja família tem uma capitação de 135 euros; estou a falar de 27 contos. São os que vivem abaixo do limiar da pobreza. O que é preocupante é que haja tantos portugueses nesta situação. Mal seria que estes alunos não tivessem direito a estar no escalão A no âmbito da acção social escolar!…

Mas, repare-se também neste exemplo: numa família com dois salários mínimos (pai e mãe trabalham e cada um ganha o salário mínimo), o aluno passa logo para o escalão “C” – não tem apoio para refeições, nem para manuais ou material de apoio…
Segundo a Constituição da República Portuguesa, na realização de política de ensino, incumbe ao Estado assegurar o ensino básico, universal e gratuito (artigo 74º). Estamos ainda muito longe de dar resposta a este preceito constitucional, pois, ao contrário do que a propaganda quer fazer passar, de acordo com os dados oficiais do INE, a Educação foi, na actual Legislatura, o produto cujo custo mais se agravou, atingindo os 16%.

Política do Prémio

Vamos ter no próximo dia 12 a entrega de prémios a alunos nas escolas secundárias (dois por estabelecimento de ensino) no valor de quinhentos euros, ou seja, uma despesa de mil euros por escola secundária (200 contos). Nós gostaríamos que o ME investisse nas escolas secundárias e em todas as outras, na criação de melhores condições para que alunos, professores e funcionários pudessem desempenhar da melhor forma as suas tarefas; no caso das crianças e jovens, para que todas tivessem condições e oportunidades idênticas para terem sucesso escolar e educativo. Isto é que seria importante que acontecesse. Com 200 contos não seria possível alcançar esse objectivo, mas é possível montar alguns teatros mediáticos, em que aparecerão certamente os senhores ministros, o senhor Primeiro Ministro, a senhora ministra da Educação, os senhores secretários de Estado, talvez alguns autarcas também, a distinguir o melhor aluno, fazendo esquecer a realidade…

Esta política do Prémio, saindo barata, tem algum impacto na opinião pública, dá projecção aos governantes, todavia, não resolve nenhum dos problemas principais da Educação. Ainda mais em ano de eleições, a preocupação do Governo parece ser mesmo a de reforçar posições recorrendo à propaganda.

Plano Tecnológico

A FENPROF saúda, como sempre fez, todas as iniciativas que possam contribuir para que se melhorem as condições de trabalho (computadores, quadros interactivos, etc). Temos tido até campanhas de exigência da melhoria dos instrumentos de trabalho nas escolas.
Entretanto, não podemos deixar de alertar para as condições em que se trabalha hoje nas escolas portuguesas, para o ambiente criado pelas erradas políticas do ME, para a falta de professores que possam assegurar o desenvolvimento de todos os projectos que a escola gostaria de promover. 

A alteração dessa situação não resulta apenas do reforço dos meios tecnológicos. É necessário investir, e isso não tem acontecido, no factor humano, nos professores, que têm sido desvalorizados, particularmente através de um Estatuto da Carreira Docente que atirou para o interior da escola e da profissão graves focos de instabilidade, criando piores condições para o exercício profissional da docência, ao dividir a carreira dos professores em categorias; ao impor sobrecargas, por vezes ilegais, no horário de trabalho dos docentes; quando veio introduzir uma absurda prova de ingresso na profissão; quando veio atrasar a possibilidade de aposentação dos professores; quando não permitiu a recuperação do tempo de serviço roubado a toda a Administração Pública em 2,5 anos; quando impôs um burocrático, absurdo e penalizador regime de avaliação do desempenho…

Avaliação do Desempenho

Neste ano lectivo que agora começa, a FENPROF irá apostar em várias frentes, mas uma delas será, sem dúvida, o ECD e a sua revisão global. Pomos à cabeça as questões da avaliação do desempenho dos professores (até porque é uma matéria mais imediata), mas também outros aspectos como a própria fractura da carreira e a não contagem integral do tempo de serviço. Sobre a avaliação do desempenho, a FENPROF calendarizou o trabalho de elaboração e apresentação de uma proposta, de um projecto alternativo ao documento que está em vigor. 

Em Abril passado, no âmbito do memorando de entendimento que os sindicatos assinaram com o ME, ficou estabelecido que no final deste ano lectivo haverá a negociação de um novo modelo de avaliação do desempenho e nós queremos chegar a esse momento com um projecto construído pelos professores, que não seja apenas um projecto elaborado internamente pela FENPROF, mas sim uma tomada de posição que envolva o maior número possível de professores e educadores, a que se chegue na sequência de um amplo, profundo e representativo debate nas escolas. 

A FENPROF fará a apresentação dessa proposta no dia 8 de Outubro, numa iniciativa nacional a realizar no âmbito das comemorações do Dia Mundial do Professor (5 de Outubro). Ainda neste primeiro período lectivo, essa proposta chegará a todas as escolas do país. Em Dezembro, numa Conferência Nacional que decorrerá no dia 5, a FENPROF irá aprovar esse modelo, que colocará como alternativo ao do ME, que depois, no final do ano, será defendido em sede negocial e pelo qual lutaremos, para alterar aquilo que está em vigor. Este é, como se sabe, um dos aspectos muito contestados do ECD.

Gestão: Parecer de prestigiado constitucionalista 
confirma ilegalidades do Decreto do ME

No âmbito da gestão escolar, que é outra área fundamental, há uma informação que podemos deixar aqui em primeira mão: recebemos a apreciação (solicitada no final do ano lectivo passado) de um prestigiado constitucionalista, antigo juiz conselheiro do Tribunal Constitucional, à legalidade do Decreto Lei da Gestão que entrou em vigor neste ano (Dec.Lei nº 75/2008), que introduz na escola a figura do “director”. Segundo a apreciação do Dr. Guilherme da Fonseca, há sete artigos que contêm normas ilegais e por isso deve a FENPROF requerer às entidades que podem dirigir-se ao Tribunal Constitucional que tomem essa iniciativa para que este fiscalize a legalidade ou ilegalidade dessas normas. Nesse sentido, a FENPROF contactará a Assembleia da República e a Provedora de Justiça.

Recorde-se que a FENPROF entregou na AR, no final do ano lectivo anterior, uma petição, exactamente no sentido da alteração desse Decreto da gestão; na altura, informámos o senhor Presidente da Assembleia que iríamos solicitar aquele parecer.

Além do combate político-sindical que temos dado a este modelo de Gestão imposto pelo Governo, temos aqui uma nova frente que se abre, uma luta também no plano jurídico, que acompanharemos com todo o rigor. 
Ao contrário do que pretenderia o ME, mais de 300 escolas e agrupamentos não constituíram, no prazo inicialmente definido, os Conselhos Gerais Transitórios, primeiro procedimento que as escolas teriam de desenvolver no quadro da implementação do novo modelo. Essa eleição terá que ocorrer agora em Setembro. A FENPROF continuará a acompanhar e a apoiar essas escolas e todas as outras que já constituíram o CGT.

Licença de maternidade

Os resultados dos concursos anunciados são conhecidos de todos, já não são novidade. Mas em relação à questão da contratação, fica já aqui a nota de que iremos apresentar queixa à Assembleia da República e à sua comissão específica para a Administração Pública, pela situação criada a professoras que se encontram em licença de maternidade, e a quem foi imposto, nas escolas em que se apresentaram, que só poderiam celebrar o contrato relativo à colocação agora anunciada se prescindissem da licença de maternidade a que constitucionalmente têm direito. Isto tem a ver com uma circular do Ministério das Finanças, publicada no passado dia 6 de Fevereiro. A situação é inaceitável no plano dos direitos e incorre numa grosseira inconstitucionalidade. Para além disso cria situações diferenciadas, pois se a docente estiver em pleno gozo da licença terá de abdicar da mesma para poder celebrar contrato, porém se já o tiver feito, poderá entrar em licença de maternidade no dia seguinte sem qualquer penalização… Não tem qualquer sentido.

Estatuto da Carreira Docente da Região Autónoma da Madeira

Decreto Legislativo Regional 6/2008/M

No seguimento da Regulamentação do ECD Madeira, já foram publicados os diplomas que mereceram aprovação unânime dos parceiros sociais:

PERMUTA entre Professores

Com o fim de ajudar milhares de professores que se encontram deslocados longe de casa, um professor de Aveiro está a finalizar a criação de uma página de permutas de locais de trabalho de professores.

Com tantos professores deslocados de suas casas, o mais provável é que se consiga arranjar permutas entre os que querem, no mínimo, ficar mais próximo de casa.

Divulguem o site http://permutas.pt.vu/ e os professores que estão longe de casa que se inscrevam!

Não se esqueçam de consultar o despacho que regulamenta as ditas permutas entre professores – Portaria 622-A/92 de 30 de Junho.

Desemprego dos Professores

 

 

 

O Primeiro-Ministro José Sócrates sabe muito bem que a FENPROF e os seus Sindicatos não defendem, nem alguma vez defenderam que o Ministério da Educação contratasse mais professores do que os necessários.

O que a FENPROF sustenta é que a boa eficácia pedagógica justifica a contratação de mais professores para as nossas escolas, nomeadamente professores de apoio para turmas e para alunos que revelem, mesmo temporariamente, problemas comportamentais e dificuldades na aprendizagem, para apoio adequado a crianças com necessidades educativas especiais.

O que a FENPROF defende são medidas de melhoria das condições de trabalho nas escolas e que promovam as boas aprendizagens dos alunos.

O que a FENPROF reivindica é o ataque a problemas estruturais como as baixas qualificações da população, o abandono e o insucesso escolares, combates para os quais o país tem os docentes de que necessita mas que o Governo teima em desperdiçar.

É, pois, um triste sinal dos tempos ver o Primeiro-Ministro do nosso país, nas suas declarações na Escola Sec. Pedro Nunes no dia 2 de Setembro, recorrer à mais baixa das sofísticas, que nos habituámos a ver nos debates políticos de menor qualidade: atacar não as ideias ou intenções dos adversários, mas sim as ideias ou intenções que se lhes atribuem exactamente para serem facilmente atacadas. Denunciar este sofisma, que não é apenas uma falácia, ensina-se no 11º ano de Filosofia. Custa ter que admitir que o Primeiro-Ministro português recorra a este tipo de retórica para iludir dois graves problemas: o da necessária melhoria do nosso ensino e o do indispensável combate ao desemprego que alastra entre os professores e educadores.

A FENPROF não pode deixar de condenar, ainda, a insensibilidade e irresponsabilidade sociais e o desrespeito pelos 40 mil professores e suas famílias que vivem momentos muito difíceis, bem diferentes da facilidade com que o Primeiro-Ministro os quis comentar.

O Secretariado Nacional

RECUPERAÇÃO DO TEMPO DE SERVIÇO de 2005 a 2007 JÁ FOI PUBLICADA – 1º Congelamento

«sem prejuízo do disposto nos artigos 9.º e 10.º do Decreto Legislativo Regional n.º 21/2007/A, de 30 de Agosto, aos docentes dos estabelecimentos de ensino não superior que à data da entrada em vigor do presente diploma se encontrem a prestar serviço no Sistema Educativo Regional, o tempo de serviço prestado neste sistema durante o período de congelamento, ocorrido de 30 de Agosto de 2005 a 31 de Dezembro de 2007, é relevado, na actual carreira, para efeitos de progressão, de acordo com os módulos de tempo naquela previstos, nos seguintes termos:

a) 50 % daquele período de congelamento a partir da data da entrada em vigor do presente diploma;

b) 50 % daquele período de congelamento a partir de 1 de Setembro de 2009».

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