Quarta-feira, Outubro 2, 2024
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Docentes do Pico e Faial marcam presença

 

Dezenas de professores e de educadores, respondendo ao apelo que lhes fora dirigido pelo Sindicato dos Professores da Região Açores (SPRA), participaram nos plenários subordinados às temáticas «Que Escola? Que professores? Que avaliação?», agendados para os dias 22 e 23 de Outubro p.p. e que decorreram, respectivamente, na Escola Secundária Manuel de Arriaga, na Horta, e na Escola Básica e Secundária da Madalena, no Pico.

 
 
 
 
Em nome desta estrutura sindical, que há já 30 anos vem pugnando pela defesa dos direitos da classe docente, falou Armando Dutra, seu Presidente, o qual, na sua intervenção inicial, relevou o mal-estar que tem vindo a ser experienciado por todos os profissionais do ensino, correlacionou a visibilidade dos ataques de que estes têm sido alvo com a degradação da sua imagem pública,concitando os presentes à não resignação e à participação esclarecida e activa.
Interveio, seguidamente, o inspector José Calçada, Presidente do Sindicato dos Inspectores da Educação e do Ensino, o qual, num registo não raro caricatural, analisou o sistema educativo, denunciando o carácter fraudulento da avaliação dos docentes, porquanto baseado num modelo atomista, que, desresponsabilizando a Escola, culpabiliza os docentes pelo insucesso dos seus alunos. Problematizando o papel da Escola, instituição que tem sido objecto de uma constante e inaceitável descaracterização, da qual decorre a sucessiva desvirtuação do papel do Professor, José Calçada teceu observações muito pertinentes acerca da avaliação dos alunos, salientando a necessidade de a mesma ter por base as suas aprendizagens, o que, por pressupor tempo, torna ilegítima a ênfase posta pela tutela no produto.

Constituiu outro dos pontos altos do plenário a intervenção de Mário Nogueira, Secretário Geral da FENPROF. Começando por destacar o efeito pernicioso dos diplomas dos Regimes de Vinculação, de Carreiras e de Remunerações dos trabalhadores que exercem funções públicas (Lei n.º 12-A/2008, de 27 de Fevereiro) e do Contrato de Trabalho em Funções Públicas (Lei n.º 59/2008, de 11 de Setembro), Mário Nogueira destacou ainda as graves alterações que serão introduzidas na vida dos docentes como resultado do actual Regime Jurídico de Gestão e da aprovação do novo Regulamento de Concurso do Pessoal Docente. Finalmente, analisou detalhadamente as implicações do modelo de avaliação dos professores e educadores, demonstrando a sua inexequibilidade, razão pela qual a classe o repudiava.

As sessões terminaram com a aprovação, por unanimidade e aclamação, de uma moção a entregar ao novo titular da pasta da Educação nos Açores.

MAIS UM IMPORTANTE PASSO NO LONGO CAMINHO PARA A IGUALDADE ENTRE HOMENS E MULHERES

Na sequência do desenvolvimento do projecto piloto de disseminação dos recursos técnico-pedagógicos elaborados no decurso da Acção 3 do Projecto EQUAL – Agir para a Igualdade, do Programa de Intervenção Comunitária EQUAL, foi assinado, neste mês de Outubro e na Direcção Regional de Educação, um protocolo entre a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses-Intersindical Nacional (CGTP-IN), a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), através do Sindicato dos Professores da Região Açores (SPRA), a Secretaria Regional da Educação e Ciência e seis escolas dos Açores, cinco da ilha Terceira e uma de Santa Maria. 

Este projecto, que trabalha a igualdade entre homens e mulheres, sob a coordenação da CGTP-IN, na pessoa de Odete Filipe, tem vindo a ser desenvolvido desde Outubro de 2001 e dividiu-se em 3 fases. A primeira decorreu até Abril de 2002; a segunda, de Outubro de 2002 a Dezembro de 2004 e a terceira iniciou o seu desenvolvimento em Março de 2006, encontrando-se, ainda, em curso.

Neste contexto, surge a Metodologia Agir para a Igualdade nas Escolas (AIE), que prolonga e alarga o âmbito do projecto, a partir de um desafio feito pelo Gabinete de Gestão EQUAL à CGTP-IN, que, com a colaboração da FENPROF e dos seus sindicatos, conseguiu, com muito entusiasmo e determinação, dar passos seguros no caminho da Igualdade de Género. Nesta sequência, no ano lectivo transacto, a Escola Secundária das Laranjeiras e a Escola Secundária da Ribeira Grande desenvolveram esta metodologia com muito êxito, como demonstraram as evidências, e continuam a trabalhar esta temática.

A Secretaria Regional da Educação e Ciência (SREC), ao ser-lhe apresentada esta metodologia, compreendeu que era pertinente desenvolver esta temática em meio escolar e traduziu o interesse demonstrado numa parceria activa com a CGTP-IN e com a FENPROF/SPRA.

Acreditamos que estas escolas que aderem ao projecto marcarão , de forma indelével, as mentalidades dos seus alunos e das suas alunas e darão um importante contributo para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa.

Plenário Sindical na Terceira – IMAGENS

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Plenário Sindical na Terceira

 

Ontem, dia 20 de Outubro, no Auditório da Escola Tomás de Borba, realizou-se um plenário sindical no qual participaram duzentos e trinta docentes. A nota de abertura foi realizada pelo Presidente do Sindicato, Armando Dutra, que destacou a situação actual de desânimo dos professores e educadores verificável no crescente número de pedidos de aposentação antecipada nos últimos meses.

Em seguida, o Presidente do Sindicato dos Inspectores da Educação e do Ensino, José Calçada, apresentou uma análise reflexiva do sistema de ensino e dos conteúdos funcionais da inspecção.

O Coordenador da Área Sindical da Terceira, Fernando Vicente e o dirigente André Guimarães desenvolveram a sua comunicação no âmbito da avaliação docente, com especial destaque para as características deste modelo de avaliação e sua implementação.

Já durante a tarde, o Vice-Presidente do SPRA, António Lucas, apresentou uma comunicação centrada nas faltas docentes e seus efeitos na avaliação, bem como, as fórmulas de calculo para as progressões pelas normas transitórias do ECD, os reposicionamentos na nova carreira e ainda as recuperações de tempo de serviço congelado.

Em seguida, a Coordenadora do SPN e membro do Secretariado Nacional da FENPROF, Manuela Mendonça apresentou um quadro da situação da profissão desde o início da actual legislatura, tendo destacado as lutas da FENPROF e a marcha de 8 de Março no combate às políticas educativas do ME. A oradora, apresentou, ainda, de forma sucinta, a proposta de modelo de avaliação docente da FENPROF.

Por último, o Presidente do SPRA, Armando Dutra realçou a diferenciação dos aspectos mais positivos do sistema educativo regional em oposição aos aspectos mais negativos da política educativa do ME. Armando Dutra destacou, ainda, as linhas orientadoras de um caderno reivindicativo a apresentar ao Secretário Regional da Educação que vier a ser indigitado para a próxima legislatura.

No final do Plenário foi ainda aprovada uma Moção, a ser entregue ao novo titular da pasta da educação para os Açores, onde se realça a insatisfação dos docentes pela situação em que se encontra o ensino e a educação nos Açores e onde manifestam o desejo de revisão do ECD nos Açores e revogação do ECD do Ministério da Educação.

Educação e Sindicalismo em Debate

Hoje, dia 17 de Outubro, mais de meio milhar de professores/as e de educadores/as respondeu ao desafio do Sindicato dos Professores da Região Açores, acorrendo à Aula Magna da Universidade dos Açores, a fim de participar no Plenário Sindical subordinado ao tema «Que escola? Que professores? Que avaliação?», o qual contou com a presença de José Calçada, Presidente do Sindicato dos Inspectores da Educação e do Ensino, e com Manuela Mendonça, Coordenadora do Sindicato dos Professores do Norte e membro do Conselho Nacional da FENPROF.
A análise do sistema educativo, da responsabilidade de José Calçada, foi um dos momentos altos do plenário, uma vez que, com a pertinência das suas reflexões sobre o conteúdo funcional da acção inspectiva e com a sua descontraída elocução, captou a benevolência do auditório, predispondo-o a ouvir atentamente matérias cuja natureza era menos cativante, mas de fundamental importância.

Momento não menos empolgante foi o da intervenção de Manuela Mendonça, que, não obstante o adiantado da hora, conseguiu cativar o auditório. A sua acutilante resenha histórica das duras lutas travadas pelos professores/educadores nestes últimos anos, caracterizadas por uma adesão nunca antes vista, emocionou os presentes, motivando-os para a reacção aos ataques de que têm sido alvo. Destacou, ainda, a importância da sindicalização enquanto garante e reforço da condição de professor.

 

O Presidente do SPRA, no âmbito da sua intervenção no final do plenário, analisou, objectiva e firmemente, o trabalho desenvolvido por esta estrutura sindical, pautado pela salvaguarda dos direitos essenciais dos profissionais de ensino e cujos frutos, embora não irrelevantes, não são de molde a travar o processo reivindicativo.

A sessão, que ainda contou com as intervenções da Coordenadora da Área Sindical de S. Miguel, Clara Torres, e de Graça Meneses, membro da Direcção deste sindicato, respectivamente subordinadas às temáticas «Transição para a nova Estrutura de Carreira./Progressão/Recuperação do Tempo de Serviço Congelado» e «Procedimentos de Avaliação», terminou com a aprovação, por unanimidade e aclamação, de uma moção.

Os professores e educadores mostraram, assim, estar disponíveis para continuar a luta com o SPRA e com a FENPROF.

Educação e Sindicalismo em Debate – imagens

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PROPOSTA REIVINDICATIVA PARA 2009

Apesar do compromisso público de José Sócrates de que não sofreríamos nova redução do poder de compra, verificou-se precisamente o contrário. No final de 2008 teremos perdido mensalmente 0,9% do salário.
Este roubo sistemático não é admissível!

Com base nos Quadros I e II e exigindo o respeito pela Lei n.º 23/98, a Frente Comum apresenta a seguinte Proposta Reivindicativa para 2009:

Desde 2000 que se verifica uma redução do poder de compra dos vencimentos dos trabalhadores da Administração Pública que variou entre -7,2% e -10,4%.

E isto porque em 2003, os vencimentos superiores a 1008 Euros foram congelados.

Em 2004, verificou-se idêntica medida em relação aos vencimentos superiores a 1.024,09 euros. Este crescimento zero afectou mais de 175.000  trabalhadores da Administração Pública, abrangendo a grande maioria dos docentes e investigadores.

Apesar do compromisso público tomado pelo Primeiro Ministro Sócrates aquando da aprovação na Assembleia da República do OE2008, de que, este ano, os  trabalhadores da Administração Pública não sofreriam uma nova redução no seu poder de compra, verificou-se precisamente o contrário.

Mesmo quando o OE2008  foi aprovado era já previsível que o aumento dos preços fosse superior ao previsto  pelo governo que era apenas de 2,1%.

Mesmo assim, o governo insistiu na sua  previsão irrealista de aumento de apenas em 2,1% da taxa de inflação em 2008, o  que determinará que os trabalhadores sofrerão este ano mais uma redução do seu  poder de compra que não deverá ser inferior a 0,9%;

Como consequência, entre 2000 e 2008, os trabalhadores, cujos salários não foram  congelados naqueles anos (estima-se em 75% do total), registarão uma diminuição  no seu poder de compra que rondará 7,2%, enquanto aqueles que sofreram  congelamento em 2003 e 2004 registaram uma redução de 10,4%. 

Objectivos para 2009

RECUPERAR uma parte do poder de compra perdido desde 2000, através do aumento de 50 euros nas posições remuneratórias;

GARANTIR a efectivação do compromisso do Primeiro Ministro, aquando da aprovação do OE2008, de que os trabalhadores não sofreriam, neste ano, nova redução no seu poder de compra – no concreto, o poder de compra perdido em 2008 atinge -0,9%;

ASSEGURAR que, em 2009, a actualização dos vencimentos ? já corrigidos com a efectivação do compromisso do primeiro ministro e com a recuperação de uma pequena percentagem do poder de compra perdido, desde 2000 ?  seja superior à taxa de inflação desse ano.

GARANTIR que na elaboração dos mapas de pessoal (Ensino Superior), durante a preparação do Orçamento do Estado para 2009, não sejam criadas nem condições nem justificações para despedir trabalhadores, ou para os colocar na situação de mobilidade especial (SME);

LUTAR pela revogação e ou declaração de inconstitucionalidade de ?todas as normas e diplomas legais que vieram retirar direitos adquiridos aos trabalhadores da Administração Pública.

TABELA SALARIAL E RESTANTES PRESTAÇÕES PECUNIÁRIAS
 
a)
Tabela Única para 2009, que incorpora:  
– Uma actualização de 5% (revisão salarial 2009); 
– A garantia da efectivação do compromisso tomado pelo Primeiro Ministro, aquando da aprovação do Orçamento de Estado de 2008, de que os trabalhadores não sofreriam, neste ano, nova redução no seu poder de compra – no concreto, o poder de compra perdido em 2008 atinge -0,9% (pagamento de 0,9%, retroactivo a Janeiro de 2008); 

b)
Actualização do subsídio de refeição para 6,50 Euros;

c)
Actualização das pensões e das restantes prestações pecuniárias em  igual percentagem global;

d)
Actualização dos escalões do IRS em 10%;

e)
Actualização das comparticipações da ADSE em 10%.

REESTRUTURAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

 – Emprego Público e estabilidade, contra a precariedade

a) Revogação da Lei 12-A/2008, a fim de assegurar o vínculo de emprego público a todos os trabalhadores da Administração Pública;

b) Rejeição do Regime de Contrato de Trabalho em Funções Públicas, com a retirada do despedimento por inadaptação (sem justa causa);

c) Transformação em vínculo permanente (nomeação definitiva) do vínculo precário de todos os trabalhadores que estejam a desempenhar funções que correspondam a necessidades permanentes dos serviços;

d)
Revogação da Lei da Mobilidade (Lei n.º 53/2006, de 7/12) e reposição da situação de actividade aos trabalhadores empurrados para a situação de mobilidade especial, com os efeitos inerentes;

e) Revogação do SIADAP e legislação sectorial conexa, bem como estabelecimento de um sistema de avaliação de desempenho sem “quotas”, que tenha em conta o interesse público e o desenvolvimento profissional dos trabalhadores da Administração Pública (AP);

Liberdade sindical

a) Rejeição de todas as medidas atentatórias dos direitos dos Sindicatos à liberdade, legitimidade e direito à negociação;

b)
Rejeição de todas as ingerências na vida dos sindicatos, do tratamento diferenciado a estruturas sindicais, das limitações aos créditos de horas e do impedimento dos dirigentes sindicais acederem aos locais de trabalho;

Acção social complementar

a) Manutenção dos direitos adquiridos e atribuídos pelos diversos Serviços Sociais da AP, alargando o seu âmbito a todos os trabalhadores;

b) Redução do valor das contribuições para a ADSE, de forma a que os trabalhadores da AP não sejam penalizados, pagando mais do que a generalidade dos trabalhadores paga à Segurança Social, com a anulação do valor pago pelos aposentados;

APOSENTAÇÃO

a)
Revogação das Leis 1/2004, 60/2005 e 52/2007, e do Decreto– Lei 286/93 de 20 de Agosto, com repristinação do Estatuto da Aposentação, na sua redacção anterior.

MATERNIDADE

a) Pagamento integral, aos trabalhadores em regime de contrato, do período de licença de maternidade e paternidade, mesmo que este se prolongue para além da data de caducidade do contrato.

FENPROF exigirá à Ministra da Educação a resolução dos problemas

 
 
 
“Não queremos pressionar a senhora ministra (ao contrário do que o Ministério faz às escolas e aos professores…). Mas se na reunião de terça-feira, dia 14, não tivermos respostas objectivas para os graves problemas que afectam os educadores e professores, haverá, certamente, um reforço da luta e uma grande acção nacional, de protesto,  já no próximo mês de Novembro”, garantiu Mário Nogueira na conferência de imprensa  realizada ao fim da tarde desta sexta-feira, 10 de Outubro, em Lisboa.

No encontro com a comunicação social foram abordadas as conclusões fundamentais da reunião de dois dias do Secretariado Nacional da FENPROF. Além de Mário Nogueira, integraram a Mesa os dirigentes sindicais Abel Macedo (SPN), António Avelãs (SPGL), Anabela Sotaia (SPRC), Joaquim Páscoa (SPZS), Armando Dutra (SPRA) e Marília Azevedo (SPM). Das declarações do secretário-geral da FENPROF, que identificou as principais razões de descontentamento que se vivem hoje nas escolas do País, deixamos já de seguida algumas das passagens mais significativas.

Um grande cansaço

Vive-se nas escolas portuguesas um clima de grande insatisfação e também de alguma desorientação. Há uma pressão sobre as escolas, sobre os órgãos executivos e pedagógicos, sobre os professores Há  um cansaço acumulado em apenas cerca de três semanas, equivalente ao de um ano inteiro de trabalho, que está a provocar um desgaste enorme entre os educadores e os professores, que tem a ver com razões de vária ordem. Razões essas que nos levam a uma reunião com a Ministra da Educação, no próximo dia 14, onde defenderemos que sejam tomadas as medidas necessárias para que as escolas regressem à normalidade.

Horários de Trabalho

Acusamos o ME de desrespeitar o Entendimento e o quadro legal que resultou desse entendimento e a legislação em vigor. A DGRHE está a divulgar orientações que impõem ilegalidades. Fizemos uma listagem dessas ilegalidades que será entregue à Ministra da Educação. Também as escolas, muitas escolas, estão a incorrer em ilegalidades, resultado dessas orientações, mas não só.

A Inspecção Geral de Educação (IGE)  está a fechar os olhos a todas essas ilegalidades. Alertámos a IGE para isso, solicitando rigor na verificação dos horários. Coisa que não aconteceu. Isto não é aceitável! A Ministra não respeita um entendimento político que resultou de uma negociação política. Na reunião com Lurdes Rodrigues exigiremos uma reunião de imediato, com um responsável político, para que isto seja alterado e este incumprimento seja corrigido.

Avaliação do Desempenho

Não há só problemas técnicos. Este é um grave problema político. O início da aplicação do processo, ainda na fase, apenas, de definição de objectivos, leva a concluir que o próprio desempenho dos professores pode estar a ser posto em causa. O que se exige dos professores está impedido pelo que é, já, a aplicação embrionária do modelo.

Este problema grave tem de ser resolvido. Precisamos também de saber o que o ME quer fazer às recomendações, apreciações, críticas do modelo de avaliação do desempenho. Se criou o Conselho Científico da Avaliação do Desempenho não foi só para acatar as recomendações que lhe são favoráveis. Por exemplo, quanto aos resultados escolares, o CCAD recusa a sua aplicação, que tem um peso de 6,5% da avaliação total, quando se sabe que a responsabilidade dos resultados não pode ser atribuída só aos professores. Isto é inaceitável!

Gestão das Escolas

Muitas escolas não conseguiram constituir listas e a situação está ainda por resolver. Independentemente disso, temos um parecer de um prestigiado constitucionalista Guilherme da Fonseca que refere que sete dos artigos do DL 75/2008 estão feridos de ilegalidade, fundamentalmente por causa da forma como o director é escolhido. Queremos saber se o ME aceita alterar os artigos ilegais, pois se não o fizer, iremos recorrer às instâncias que possam pedir a verificação da legalidade do diploma, designadamente a Assembleia da República.

Concursos

O projecto do ME, a ser aprovado, tornará ainda mais instável a profissão. Com focos novos de instabilidade. A estabilidade não resulta apenas do tempo de intervalo entre cada concurso. Tem a ver com outras coisas: por exemplo, os professores de Quadro de Escola passarem para quadros de âmbito geográfico maior  (a nível de Agrupamento) ou o facto de os professores de uma Zona Pedagógica serem obrigados a concorrer a mais três zonas, sob ameaça de processo disciplinar, agrava a instabilidade, bem como a consideração da avaliação do desempenho para efeitos de graduação profissional, quando se sabe que a avaliação tem quotas, para além de viciar o concurso e a sua própria dinâmica. O ECD não permite que a avaliação do desempenho sirva para graduar professores. Isto é ilegal e inaceitável.

Aposentação

Iremos propor que, face ao evidente desgaste físico e psicológico dos professores, que leva a que muitos estejam a aposentar-se, às centenas, mesmo lesados na sua remuneração, sejam aprovadas medidas específicas e especiais. São centenas de professores atingiram o limite da paciência e da capacidade para desenvolveram a sua profissão.

Não é aceitável que o Secretário de Estado Valter Lemos venha dizer que os professores se vão embora porque já estavam para ir… Com as suas pressões e políticas é também ele  muito responsável por esta situação.

Propomos um debate que conduza a um processo negocial, com regras específicas para a aposentação dos professores e que contemplem, também, condições especiais de exercício profissional nos últimos anos de serviço nas escolas.

Escolaridade de 12 anos na gaveta

Por fim, iremos tentar perceber porque é que este Governo desiste de uma das suas bandeiras e uma necessidade do País, que é o da escolaridade obrigatória alargada até ao 12.º ano. Isto é sintoma da incapacidade e principalmente do fracasso deste Governo também em matéria de políticas educativas.

A acção

· A FENPROF dinamizará, em Outubro e em parte de Novembro, reuniões e plenários, promoverá reuniões e plenários (distritais, concelhios, locais, de escola) com todos os professores interessados, destacando-se, naturalmente, a análise e o enriquecimento das propostas da FENPROF.

· A Federação promove um Abaixo-Assinado de exigência de revogação do “ECD do ME”, já em circulação, para que seja o maior abaixo-assinado até hoje recolhido.

· Neste primeiro período vai ser necessário uma grande acção de rua durante o mês de Novembro, envolvendo os professores de todo o País. As grandes acções devem somar, acrescentar, unir e por isso, levaremos estas propostas de acção aos outros sindicatos de professores da Plataforma Sindical. Essa reunião da Plataforma realizar-se-á às 14H30 de 2.ª feira, 13 de Outubro, em Lisboa.

· Porém, há uma reunião com a ministra da Educação. Damos-lhe esta uma oportunidade para responder às questões já referidas e para que crie a possibilidade para que este clima se altere.

· Se da reunião com a Ministra não resultar na resolução dos problemas, então, de seguida e de imediato, anunciaremos o que faremos.


Conferência Nacional de Quadros

Decidimos que em 5 de Dezembro próximo a FENPROF realizará em Lisboa uma Conferência Nacional de Quadros, envolvendo dirigentes e delegados sindicais, onde, feito o balanço da situação, das acções e das lutas entretanto realizadas, aprovará uma estratégia  de acção para o 2.º período lectivo. Contamos entregar no Ministério, nessa data, o Abaixo-Assinado contra o “ECD do ME”. A manter-se a actual política  para a Educação, teremos um ano muito complicado: nós, mas também, certamente, o Governo e esta equipa ministerial. A instabilidade profissional afecta os direitos socio-profissionais dos educadores e professores mas também prejudica os alunos e o conjunto da actividade nos estabelecimentos de ensino. Daqui renovamos o nosso grito de unidade e protesto: “Deixem-nos ser Professores!”

Reunião do SPRA com a Direcção Regional da Educação

Compromissos/ Esclarecimentos da DRE perante o SPRA

O Sindicato dos Professores da Região Açores, com o dinamismo, persistência e a capacidade negocial que o caracteriza, reuniu no dia 6/10/2008 com a Directora Regional da Educação. O SPRA, não esperando decisões políticas, atendendo ao momento eleitoral que se vive na Região, pretendeu clarificar posições sobre normas do Estatuto da Carreira Docente nos Açores sujeitas a interpretações que fogem ao espírito e letra da Lei.

1. AVALIAÇÃO

Os Docentes em exercício de funções na Região Autónoma dos Açores ficarão sujeitos, no ano 2008/2009, a idêntica produção de efeitos que a avaliação tiver no Continente, o que significa que, nos termos do Memorando de Entendimento com o Ministério de Educação, a avaliação não produzirá quaisquer efeitos negativos no corrente ano lectivo.

Os Coordenadores de Departamento, dadas as responsabilidades acrescidas com o processo de avaliação, ou os docentes a quem for atribuída a responsabilidade de observação de aulas, não terão serviço distribuído na componente não lectiva de estabelecimento, de acordo com Ofício-Circular nº MAIL-S-DRE/2008/1368, de 22de Julho de 2008.

Um docente que pertença a dois Departamentos é avaliado apenas por um, sendo esta opção do docente;

Nos termos da Lei – ECD na RAA – um docente para ser avaliado necessita de cumprir 90 dias de aulas. Na eventualidade de, num determinado ano, efectuar contratos sucessivos inferiores a esse tempo, no último contrato em que perfizer o tempo necessário, pelo somatório dos contratos anteriores, será avaliado pela respectiva escola, para que o referido tempo possa ser considerado para efeitos de progressão na carreira;

Aos docentes requisitados para exercício de funções lectivas no Ensino Superior ou outras instituições será permitido que a respectiva entidade proceda à avaliação dos mesmos, de modo a possibilitar a normal progressão na carreira.

2. FALTAS
As faltas legalmente equiparadas a prestação efectiva de serviço não penalizam na avaliação dos docentes, ou seja, as consagradas em TODO O REGIME de férias, faltas e licenças que se aplica aos funcionários da Administração Pública, incluindo os regimes específicos como a lei sindical, faltas por greve, etc…, exceptuando-se as dadas por conta do período de férias (artº 152º do ECD na RAA), as injustificadas, as com perda de vencimento (artº 68º do DL 100/99) e pouco mais.
Nas faltas legalmente equiparadas a prestação efectiva de serviço o docente não é obrigado a repor aulas ou a apresentar qualquer plano de aula.
3. HORÁRIOS DE TRABALHO
As reuniões de carácter sistemático (Conselho Pedagógico, Departamento Curricular, Conselho de Núcleo,…) estatutariamente devem estar integradas na componente não lectiva de estabelecimento.  Para que este procedimento se concretize e a fim de se cumprir o que está estipulado na lei, o SPRA pressionou a Direcção Regional de Educação a fim de a levar a veicular informações às Escolas sobre esta matéria.
4. GRATIFICAÇÕES
Directores de Turma:
A opção pela gratificação ou redução da componente lectiva é do docente, excepto no caso de completamento de horário. A gratificação é atribuída na base de 5% por cada 10 alunos ou fracção. Isto significa que numa turma com 19 alunos a percentagem é de 10% e numa turma com 21 alunos a percentagem é de 15%;
Coordenadores de Departamento:
A gratificação atribuída ao Coordenador de Departamento 10% do índice 108 da escala indiciária da carreira do pessoal docente é resultante da compensação pelo acréscimo de responsabilidades inerentes ao trabalho ou cargo que desempenha, pelo que as horas atribuídas pela escola ao desempenho de tais responsabilidades integram a componente não lectiva de estabelecimento, não podendo o docente ser obrigado a permanecer mais de 24 ou 26 horas no estabelecimento, consoante o sector ou nível de ensino.
5. ITINERÂNCIA
Toda a actividade docente que implique itinerância é da responsabilidade da escola, nos termos da lei geral. O dever de assegurar o transporte não é do docente, mas da escola. Poderá haver diálogo e concertação, mas não exigência e imposição.
6. ACUMULAÇÃO
Os docentes que trabalham em regime de acumulação a leccionar os blocos do ensino recorrente nocturno, passarão a receber como os formadores externos, sendo a Circular nº C-DRE/2008/9, de 11 de Abril de 2008, extensiva aos docentes do ensino público.
7. TRANSIÇÃO PARA A NOVA ESTRUTURA DA CARREIRA DOCENTE
A gratificação atribuída ao Coordenador de Departamento 10% do índice 108 da escala indiciária da carreira do pessoal docente é resultante da compensação pelo acréscimo de responsabilidades inerentes ao trabalho ou cargo que desempenha, pelo que as horas atribuídas pela escola ao desempenho de tais responsabilidades integram a componente não lectiva de estabelecimento, não podendo o docente ser obrigado a permanecer mais de 24 ou 26 horas no estabelecimento, consoante o sector ou nível de ensino.
8. RECUPERAÇÃO DO TEMPO DE SERVIÇO CONGELADO
Os docentes que até 31 de Agosto de 2008, com a recuperação dos 14 meses e 1 dia do tempo de serviço congelado (50%), reunirem as condições para mudar de escalão não têm de apresentar qualquer documento sobre avaliação.
Como não haverá produção de efeitos negativos na avaliação do corrente ano lectivo, a SREC irá analisar a situação dos docentes que após 31 de Agosto de 2008 forem perfazendo o tempo necessário para progredirem, de modo a que a produção de efeitos não só se faça no mês seguinte, como a lei determina, mas também para que os docentes não tenham de esperar pela avaliação de final de ano para que lhe seja pago o vencimento a que têm direito, evitando a retroactividade do mesmo.

Além destes aspectos, muitos outros foram abordados, no entanto, como carecem de decisão política, serão agendados para reuniões a marcar em momento oportuno.

Ante-Projecto da FENPROF para debate com os Professores

(clique na imagem para a ampliar)

PROPOSTA DA FENPROF PARA DEBATE COM OS PROFESSORES

O saber profissional constrói-se dentro das regras e dos conhecimentos que os próprios profissionais geram ou dominam. Deste modo, é inviável avaliar contra os docentes, é inviável avaliar desvirtuando o princípio primeiro da qualidade educativa em nome de interesses sociais ou políticos externos à educação. A avaliação do desempenho docente só será credível e reconhecida se orientada para a melhoria efectiva do desempenho, se tiver no seu horizonte o desenvolvimento e o progresso das instituições e das nações e, nesse sentido, ela terá de ser intrínseca aos professores e educadores, participada e co-construída pelos próprios.

1º PASSO
AUTO-AVALIAÇÃO

Toda a avaliação deverá ser transparente e partir do próprio avaliado. Nesta perspectiva, todos os critérios e vectores de avaliação têm de ser controlados pelo avaliado. A impossibilidade desse controlo inviabiliza um critério enquanto tal. O trabalho de auto-análise não é só importante, ele é indispensável a um modelo eficaz que pretenda reflectir o desempenho real, pelo que o processo deverá contemplar a auto- -avaliação.

– A auto-avaliação desenvolve-se de forma permanente, durante cada ano lectivo, sendo objecto de discussão partilhada, com especial ênfase no final de cada ano lectivo.
No final de cada escalão todo o processo anterior deverá conduzir à apresentação de uma proposta de menção qualitativa.

– Como instrumentos de suporte a todo este processo podem considerar-se várias hipóteses de registo, entre as quais, a elaboração de um portefólio de registos, relatórios críticos da actividade docente, ou outros que as escolas considerem relevantes.

– Como referentes de avaliação deverão ser considerados os critérios nacionais e os decorrentes dos projectos educativos e curriculares de escola.

– Em final de escalão o docente elabora uma proposta fundamentada de menção qualitativa que será entregue às estruturas pedagógicas em que o docente está envolvido.

2º PASSO
CO-AVALIAÇÃO
A prática da co-avaliação implica que todos os elementos de uma determinada comunidade educativa possam ser avaliados mas também avaliadores. Mantendo-se a paridade profissional no reconhecimento de que estamos numa profissão em que todos temos a mesma habilitação de base e profissional, a co-avaliação resolve o problema do reconhecimento da autoridade do avaliador uma vez que há a co-responsabilização de todos os pares.

– A co-avaliação, avaliação partilhada, desenvolve-se de forma permanente, nos momentos considerados necessários pelas estruturas pedagógicas de cada escola ou agrupamento, contemplando registos escritos a ter em conta nos momentos formais do processo.

– Esta modalidade de avaliação contempla o acompanhamento dos percursos individuais enquadrados nos critérios nacionais e nos decorrentes dos projectos educativos e curriculares da escola/agrupamento.

– Este trabalho deve contemplar também o aferir dos êxitos e sucessos do grupo à luz dos objectivos traçados no início de cada ano lectivo, procedimentos a alterar ou melhorar, reflexão acerca das causas impulsionadores de sucesso e das causas de fracasso pedagógico, e ainda, apreciar as menções individuais que lhe forem presentes. O resultado espelhar-se-á num relatório crítico por ano lectivo, onde terão de ser registadas as propostas de menção individual aqui aprovadas.

3º PASSO
AFERIÇÃO PROCESSUAL DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
– Em cada escola/agrupamento de escolas deve ser criada uma Comissão de Avaliação do Conselho Pedagógico, que integrará docentes eleitos de entre os membros do Conselho Pedagógico, podendo este indicar outros docentes da escola/agrupamento que não pertençam a este órgão, sendo que os representantes do Conselho Pedagógico devem ser sempre em maior número. 

– As suas funções consistem, fundamentalmente, na análise das propostas de menção, e respectiva fundamentação, no sentido de verificar se cumprem os requisitos processuais e se espelham o trabalho feito pelo docente. Caso a Comissão não concorde com a menção proposta, seja por defeito, seja por excesso, em todo o caso por disparidade entre o trabalho desempenhado e os critérios de avaliação, decide por uma menção diferente da proposta, devidamente fundamentada e sempre passível de recurso por parte do interessado.

NOTAÇÕES
BOM – Esta menção é o requisito indispensável à progressão na carreira

INSUFICIENTE – Com esta menção o docente permanece no escalão e será apoiado, a partir de um Plano de Apoio a aprovar no grupo disciplinar ou conselho de departamento/conselho de docentes ou conselho escolar, que será ratificado na Comissão de Avaliação do Conselho Pedagógico.
No período mínimo de um ano lectivo, após a atribuição da menção de insuficiente, o docente poderá requerer a realização de uma avaliação extraordinária que, caso resulte numa menção de bom, lhe permitirá recuperar todo o tempo de serviço e reposicionar-se no escalão seguinte.

MUITO BOM – Mediante a menção qualitativa de muito bom, o docente aufere, no escalão seguinte, um suplemento igual a 50% da diferença indiciária entre escalões. No 8º escalão (escalão de topo) a avaliação ocorre, também, em períodos de 4 anos. A menção de muito bom, em cada um destes períodos, produz os mesmos efeitos.

4º PASSO
AVALIAÇÃO EXTERNA DA ESCOLA

Dirigida à escola e não ao professor, visa propiciar a superação de obstáculos, valorizar os resultados obtidos nos contextos considerados, quer nacionais, quer regionais, quer locais. Deve assentar em metodologias que se pautem pela isenção, análise factual, princípios pedagógicos de construção quotidiana da escola, em ordem a promover a sua qualidade.

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Pressupostos e Princípios para a construção de um modelo de
Avaliação do Desempenho Docente coerente, integrado, e eficaz

Partindo do pressuposto que a Avaliação do Desempenho Docente deve ser voltada para a melhoria da qualidade da Educação e para a qualificação do serviço docente, a mesma deve assumir-se como processual e descritiva em ordem a não se perder informação significativa. As avaliações sintéticas de produtos traem a complexidade de uma avaliação sujeita a uma multiplicidade muito grande de vectores.
É fundamental orientar a Avaliação de Desempenho para a qualificação do serviço docente, como um dos caminhos a trilhar para a melhoria da qualidade da Educação, enquanto serviço público. Importa, assim, não a desvirtuar nos seus objectivos primeiros e nas metodologias daí decorrentes, pelo que pensamos que deve ser orientada pelos pressupostos e princípios que a seguir se enunciam.

Construção participada com os docentes:

O saber profissional constrói-se dentro das regras e dos conhecimentos que os próprios profissionais geram e dominam. Deste modo, é inviável avaliar contra os docentes, é inviável avaliar desvirtuando o princípio primeiro da qualidade educativa em nome de interesses sociais ou políticos externos à Educação. A Avaliação de Desempenho Docente só será credível e reconhecida se orientada para a melhoria efectiva do desempenho, se tiver no seu horizonte o desenvolvimento e o progresso das instituições e das nações e, nesse sentido, ela terá de ser intrínseca aos Professores e Educadores, participada e co-construída pelos próprios.
É fundamental a recolha mais ampla possível de informação, como é fundamental que o avaliado participe activamente nessa recolha, bem como na construção dos instrumentos de avaliação.

Transparência e Auto-avaliação:

Toda a avaliação deverá ser transparente e partir do próprio avaliado.
Nesta perspectiva, todos os critérios e vectores de avaliação têm de ser controlados pelo avaliado. A impossibilidade desse controlo inviabiliza um critério enquanto tal. O trabalho de auto-análise não é só importante, ele é indispensável a um modelo eficaz que pretenda reflectir o desempenho real, pelo que o processo deverá contemplar a auto-avaliação.

Avaliação integrada e não individualizada:

A avaliação do desenvolvimento pessoal e profissional do Educador/Professor deve ser contextualizada, integrada nas suas experiências pessoais e deve ter em conta vectores e condicionantes da comunidade em que se insere.
Tem de ser perspectivada num quadro mais amplo do que o pessoal, pois pressupõe a melhoria do serviço prestado pela instituição em que trabalha, bem como a melhoria da Educação na sua comunidade.

Avaliação de um processo, mais do que de um produto:

O enfoque avaliativo deve incidir na avaliação qualitativa de um processo e de um serviço prestado e não na aferição de um produto individual.

Pendor fortemente formativo da Avaliação do Desempenho Docente:

A avaliação não depende das questões laborais e de carreira, antes pelo contrário, estas surgem como consequência natural daquela, uma vez que foi reflexiva e criteriosa.
Um modelo orientado para a melhoria de práticas tem de contemplar autopropostas e propostas de melhoria pelos pares, para detectar insuficiências de desempenho e despoletar os mecanismos para a sua superação e consequente recuperação do docente para bons níveis de desempenho.

Co-avaliação, uma solução para um modelo integrado e participado:

A prática da co-avaliação implica que todos os elementos de uma determinada comunidade educativa possam ser avaliados mas também avaliadores. Mantendo-se a paridade profissional no reconhecimento de que estamos numa profissão em que temos todos a mesma habilitação de base e profissional, a co-avaliação resolve o problema do reconhecimento da autoridade do avaliador uma vez que há a co-responsabilização de todos os pares.

Diferenciação e melhoria de práticas:

A diferenciação pode ser bem-vinda se for trabalhada num plano qualitativo e potenciador da melhoria de práticas. Contudo, ela não pode implicar, por questões de paridade, de igualdade de oportunidades, flexibilidade na gestão do serviço escolar e reconhecimento do princípio da igualdade profissional, qualquer exclusividade ou inibição no desempenho de cargos pedagógicos. Não pode implicar, igualmente, cisões ou divisões profissionais.

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Uma alternativa credível, dos professores para a escola portuguesa

Como a FENPROF sempre denunciou, e a prática está a confirmar, o modelo imposto pelo ME está completamente desenquadrado do que são as funções docentes, as suas exigências e especificidades. Destina-se, sobretudo, a institucionalizar uma cadeia hierárquica dentro das escolas e a dificultar ou, mesmo, impedir a progressão dos professores na carreira. O estabelecimento de quotas na avaliação e a criação de duas categorias que, só por si, determinam que mais de 2/3 dos docentes não chegarão ao topo da carreira, completam o quadro político, administrativo e economicista de um estatuto de carreira docente que inclui o modelo de avaliação que vigora.

Nas escolas, os professores já se confrontam com este modelo e o seu carácter burocrático e potenciador de conflitualidade.

A crítica ao modelo e à forma co­mo está a ser aplicado tem as mais diversas origens, incluindo o Conselho Científico da Avaliação dos Professores (CCAP). Esta estrutura, criada pelo ME, nas suas recomendações, critica aspectos como a utilização dos instrumentos de registo pelas escolas, a utilização dos resultados escolares como item de avaliação ou a observação de aulas…

Só a luta dos professores impediu, ao contrário do que pretendia o ME, a aplicação do seu modelo a todos os docentes e com todas as consequências, já desde o ano passado. A FENPROF recorreu aos tribunais, conseguindo a suspensão da aplicação entre Janeiro e Abril e, a partir daí, pressionado pela extraordinária Marcha da Indignação dos Professores, realizada em 8 de Março, o ME foi obrigado a assinar um Memorando de Entendimento que estancou o disparate que seria a entrada em vigor do regime de avaliação em pleno 3º período. Na sequência do Memorando:

? Em 2007/2008 a avaliação foi suspensa para 92% dos docentes e, para os restantes, apenas se aplicou um processo simplificado, sem implicação na renovação ou celebração de novos contratos;

? Em 2008/2009, a avaliação assume um carácter experimental, pois eventuais classificações negativas não produzirão efeitos, o processo é acompanhado por uma comissão paritária que integra os sindicatos e, para o final do ano lectivo (Junho e Julho de 2009), está já prevista a alteração do modelo.

A FENPROF assume as suas posições de contestação ao modelo imposto pelo ME e as suas responsabilidades na construção de uma alternativa.

Uma alternativa que não é compatível com o paradigma de escola que tem vindo a ser imposto, antes exige um contexto diferente em que a gestão seja democrática, em que a carreira docente não esteja dividida, em que os horários de trabalho sejam adequados à actividade pedagógica a desenvolver, em que a formação contínua se ajuste às reais necessidades dos docentes e dos projectos educativos das escolas…

É nesse sentido que a FENPROF divulga, para discussão entre os professores, uma proposta de avaliação que, nesta primeira fase, se encontra aberta em todos os aspectos para os quais existam propostas que a valorizem. Ao longo de todo o primeiro período, os Sindicatos da FENPROF promoverão reuniões e outras iniciativas de debate, apelando­-se, também, a todos os professores que, individualmente ou organizando-se nas suas escolas, discutam e façam chegar as suas opiniões, sugestões e propostas. No início do segundo período, tendo em consideração o debate realizado, a FENPROF tomará pública uma proposta final para alteração do actual modelo

É preciso um grande envolvimento neste debate, mas é, também, necessário que lutemos pela alteração do actual modelo de avaliação. Se o não fizermos, decerto o ME se limitará a introduzir–lhe pequenos ajustes que mais o adeqúem aos seus objectivos, o que, obviamente, não serve os professores nem as escolas.

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