Ausência de um pedido de desculpas seria indesculpável!
Na edição do Jornal Expresso do último fim-de-semana, no primeiro tópico das suas palavras cruzadas, é inscrita a expressão “Ensinam quando não estão em greve”, revelando uma enorme falta de respeito para com os docentes e a Escola portuguesa.
Os professores portugueses são dos docentes, em todo o mundo, mais qualificados e os relatórios mais recentes que têm sido publicados tornam claro que, apesar das condições de trabalho em que exercem a sua profissão e do desrespeito que sucessivos governos têm tido para com estes profissionais, Portugal tem sido dos países que mais evoluíram em aspetos como o do combate ao insucesso e ao abandono escolares.
Portugal é, também, apesar de ser dos países que menos investem na Educação, com a percentagem do PIB que lhe é destinada muito abaixo do que relatórios de organizações internacionais dizem ser o adequado, tendo em conta, precisamente, esse baixo investimento, um dos que apresenta melhores resultados dos seus alunos, para os quais os docentes foram determinantes.
Um tópico para a avaliação da qualidade do ensino em Portugal é também a procura externa de profissionais altamente qualificados em áreas fundamentais para o desenvolvimento dos países, que o nosso país não valoriza.
Por isso, a FENPROF, fazendo eco e associando-se à indignação manifestada por muitos e muitos docentes, não pode deixar de exigir, veementemente, um pedido de desculpas aos professores portugueses, pois estes são profissionais que colocam o melhor de si na sua atividade profissional, com rigor, exigência e resultados que não podem deixar de ser valorizados.
Com aquela expressão das “palavras cruzadas” do Expresso, pretende-se, inegavelmente, transmitir a ideia de que os professores estão sempre em greve, ficando as sobras para ensinar. Os Professores portugueses têm, legitimamente, lutado pelos seus direitos que são também os da Escola. O recurso à greve não é feito sem prejuízos dos próprios professores, mas a greve é também um recurso a que têm direito e de que não abdicarão, apesar das pressões, essas sim, ilegítimas, que sobre eles possam ser exercidas.
Os Docentes, quando fazem greve, quando lutam pela valorização do seu trabalho e da sua condição profissional, também ensinam, dando importantes lições de cidadania!
O Secretariado Nacional