” (…) Voltando ao desemprego, a sua verdadeira dimensão social vai muito para além dos assustadores 8,2 por cento da taxa de desemprego trimestral revelados pelo INE. Se aos mais de 458 mil desempregados “oficiais” somarmos todos aqueles que estariam dispostos a trabalhar, mas não procuraram activamente emprego (ou seja, os que já desistiram de o procurar…) e ainda os que, na semana anterior ao inquérito, trabalharam, menos de 15 horas (sobrevivendo de uns míseros biscates), chegamos à conclusão de que, afinal, são mais de 612 mil os que não encontram lugar no mercado de trabalho – isto é, há quase 11 por cento da população activa desaproveitada. Para ser mais exacta, e citar o economista Eugénio Rosa, o verdadeiro desemprego sobe afinal “para 10,9 por cento”.
Contra esta lógica, o Eng.º Sócrates gosta de sublinhar que Eugénio Rosa é do PCP, como se ser comunista implicasse ser atacado por um vírus ideológico que inevitavelmente descredibiliza os resultados obtidos pela máquina de calcular. Curiosamente, embora insuspeita de simpatias marxistas e sem filiação partidária, chego exactamente às mesmas contas de Rosa (…)”
Graça Franco, jornalista, subdirectora de Informação da Rádio Renascença,
crónica no “Público” de 23 de Fevereiro de 2007